Descobrindo as megacidades do continente africano

Por Gabriely Araújo

Quantas cidades com mais de 10 milhões de habitantes você conhece? Talvez Nova Iorque, nos EUA, Pequim, na China, Tóquio, no Japão, e a brasileira São Paulo. Mas e no continente africano? Para desconstruir alguns dos estereótipos sobre a África, a professora de Língua Inglesa Patrícia Piesco propôs às turmas do 7º ano um projeto no qual os estudantes discutiram sobre a existência de grandes centros urbanos e, nesse contexto, aprofundaram-se na pesquisa sobre as megacidades no continente.

O projeto é parte de um projeto interdisciplinar que envolve todos os professores de Inglês do 6º ao 9º ano. No caso do 7º ano, ele teve início com o site “City Guesser”, no qual os alunos reconheciam ou tentavam adivinhar cidades de diferentes partes do mundo a partir de vídeos online. Assim, eles tiveram a oportunidade de refletir sobre o que sabiam sobre diversas partes do planeta. “Essa abordagem teve um caráter lúdico, sendo percebida como um jogo, desafiando os alunos a testarem seus conhecimentos”, conta a professora Patrícia.

Inicialmente, foi possível notar que a turma ainda conhecia pouco sobre os centros urbanos do continente africano – o que já era esperado. Na imprensa e na indústria cultural, são poucas as produções que apresentam visões sobre a África que fujam da representação tribal ou de miséria sobre o continente. Ao discutir sobre as cidades do continente, a turma pode desconstruir esses estereótipos.

O trabalho de pesquisa envolveu a leitura de um texto sobre a cidade de Lagos, na Nigéria, e a reflexão sobre o vídeo “What is a Mega City?”, apresentado pela professora Taibat Lawanson, da Universidade de Lagos. No material, os estudantes puderam discutir sobre como viver numa cidade de grandes dimensões afeta a vida de seus moradores. A urbanista destaca, por exemplo, como essa convivência afeta principalmente as mulheres e como as cidades desse porte poderiam contribuir para uma qualidade de vida melhor para essa parte dos habitantes, desde que planejadas com esse objetivo. Outro aspecto importante dessa etapa foi o contato que os alunos puderam ter com variantes do inglês presentes no continente africano.

Uma vez esclarecido o conceito de megacity e realizadas discussões suscitadas pelo vídeo com a professora Lawanson, os alunos foram solicitados a listar cidades que consideravam ser megacities, e a comparar suas listas às divulgadas em material publicado pela Unesco por ocasião da Segunda Conferência Internacional sobre Água, Megacidades e Mudanças Globais (Second International Conference on Water, Megacities and Global Change), realizada em 2022.

A docente conta que chamou atenção dos alunos o fato do continente asiático e a região do Pacífico ter a maior quantidade de megacidades. A partir dessa visão global, um outro vídeo permitiu que as turmas vissem e ouvissem sobre algumas outras megacidades no continente africano, entre as quais Lagos (Nigéria), Kinshasa (Congo), Cairo (Egito) e a Grande Joanesburgo (África do Sul), listadas pela ONU como as megacidades africanas

“A escolha desse vídeo teve por objetivo oferecer aos alunos a oportunidade de lançar um olhar para outras regiões do mundo que não somente cidades da Europa e América do Norte, onde se localizavam as megacities mais conhecidas pelos alunos”, relata. Ela também conta que os alunos ficaram muito curiosos e surpresos com as imagens do vídeo. “Chamaram atenção o número de pessoas nas ruas, o trânsito, a quantidade de prédios etc., aspectos que se comparavam em muito à cidade de São Paulo”, relembra.

A partir desses questionamentos, os alunos se juntaram em pequenos grupos, escolheram, entre as cidades africanas mencionadas no vídeo, aquelas que mais lhes chamavam atenção, e aprofundaram suas pesquisas, orientadas por perguntas levantadas pelo agrupamento como um todo. Essas pesquisas foram registradas em posts no Padlet (veja exemplos abaixo), que foram, posteriormente, transformados em posters em cartolina, apresentando de forma sucinta as informações que os pequenos grupos elegeram como mais importantes sobre as cidades pesquisadas.

Criado com o Padlet

O trabalho com recursos educacionais digitais e com o analógico, por meio da produção dos cartazes, foi estimulado pela docente, para que os alunos não só registrassem sua pesquisa e conhecimento em um site, mas também pudessem apresentar suas pesquisas aos colegas de outras turmas. “A gente saiu de um momento de pandemia em que tudo virou digital, né? E a gente se deu bem dessa forma, mas nós estamos de volta, podemos usar novamente os recursos que a gente usava antes também. São superbem-vindos”, defende a professora Patrícia.

O projeto foi concluído com uma sessão de apresentação dos posters, na qual os alunos se revezaram para compartilhar com os colegas o conhecimento adquirido durante a pesquisa. Esses cartazes também foram compartilhados com outros alunos do Vera, para que pudessem conhecer um pouco mais sobre essas cidades. “Antes de começar o projeto eu achava que as megacidades eram cidades ricas, independente do número de habitantes (…). Eu gostaria de aprender mais sobre megacidades em outros continentes”, relatou um dos estudantes nos feedbacks do trabalho.

Luiz Lira

Luiz Lira morou em Pernambuco e lá iniciou o desenho. Ao vir para São Paulo, começou a fazer gravuras ainda criança, quando entrou no Instituto Acaia. Seus estudos tiveram relação com a capoeira, o desenho e a cerâmica; essas três vertentes estruturam o seu fazer artístico hoje. Posteriormente, ingressou no Instituto Criar e fez formação em Cinema. A partir daí, dedicou-se aos estudos para vestibulares em universidades, assim participou do Acaia Sagarana. Lira ingressou na Unicamp e atualmente cursa Artes Visuais.  A experiência universitária faz com que se aproxime de outros grupos de gravuras, como Ateliê Piratininga e Xilomóvel. Também tem contato com Ernesto Bonato, que é um grande artista e pessoa. Trabalha em ateliês compartilhados em Campinas (SP) e suas produções são semeadas em diversos espaços.