Maya Bekhor e Gabriela Haipek
É de conhecimento geral que o mercado de roupas sempre foi algo muito forte em todas as épocas. O presente trabalho tratará da confecção de vestuários de 1900 até 2020, e seus impactos, tanto no meio ambiente, quanto socialmente.
Consumo de água na produção
“No século passado, o maior consumo de água ia para tingimento de tecido e na estamparia. Por exemplo, um lote de viscose (tecido feito de fibra artificial de celulose) que pesa 350 quilos, usando mais ou menos 15.000 litros de água, dá para se confeccionar de 600 camisetas”, Mauricio Bekhor, proprietário da Confecções Mauricio, entrevistado em novembro de 2020.
Já, em 2020, o consumo de água na produção de vestuários reduziu, pois hoje dia já se tem máquinas que precisam de menos água para tingir e estampar. Por exemplo, o mesmo lote de viscose (tecido feito de fibra artificial de celulose) pesando trezentos quilos gastará no seu beneficiamento aproximadamente 7.000 litros de água, que equivale a produção de aproximadamente 600 camisetas, segundo Fernanda Klug, Coordenadora de laboratório na Beckhauser Malhas.
Mão de obra e relações de trabalho
Segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), em 1994, 45,23% da mão de obra empregada ganhava de 1 a 2 salários mínimos, ou seja, muito pouco. Onde 33,6% desses empregados tinha 8a série incompleta, provavelmente pela a sua condição financeira baixa. E 49,02% havia permanecido há menos de 1 ano no emprego. Por fim, 80,45% da mão-de-obra empregada no ramo do vestuário é constituída por mulheres.

CRÉDITOS: A GAZETA
Hoje em dia, não é muito diferente. No ano de 2016, a mulher ainda ocupa a maioria dos cargos na área de vestuários. São aproximadamente 230,5 mil mulheres predominando este setor no Brasil. No qual mais da metade dessas pessoas, trabalhando neste setor são forçadas a confeccionar, segundo a Agência FIEP.

Podemos ver que nesse gráfico a mão de obra na produção de vestuários tem muitos conflitos e como muitos são forçados a produzir. Que nos leva a pensar que a mão de obra na produção têxtil é muito escravizada.
Matéria prima
Diferentemente dos outros aspectos, o material usado para a confecção de roupas atualmente e antigamente não teve tanta evolução, ou seja, a matéria prima permaneceu igual: o tecido.
No ano 1980 a 1990, os principais tipos de tecidos usados foram jeans, lycra e nylon com brilhos e cores estrelavam a década dos excessos. Já atualmente, em 2019, os tipos mais usados são Elastano, Algodão, Lã e Viscose.

Esgotamento dos recursos naturais
“O Brasil é privilegiado pelos recursos naturais, especialmente pela água, um dos recursos mais preciosos para a humanidade. Mas com a grande demanda de água na produção de vestuários e por falta de leis eficazes, no século XX a água estava se tornando mais escassa“. Diz Mauricio Bekhor proprietário da Confecções Mauricio.
Já em 2015 o esgotamento de recursos naturais foi maior ainda. Obtiveram quatro elementos que foram mais explorados na natureza para a produção de roupas, eles são: a água, pois a produção têxtil requer toneladas de água para a sua confecção (mas ainda não superando a demanda de água na produção antigamente), geralmente utilizando tratamentos químicos nocivos, então fazendo o uso de muita energia; outro é o petróleo, que se usa para fazer o poliéster. E por fim, o algodão, utilizado para fazer um tipo de tecido muito usado na indústria, segundo a Equipe Akatu.
Produção e descarte de resíduos
“Menos indústria, menos lixo e menos resíduos; assim, era 100 anos atrás, o lixo e o descarte de resíduos não era um problema. Mas a partir da segunda metade do século passado, com o parque industrial em expansão, houve a necessidade de criar leis que regulamentassem o descarte de resíduos. Mas infelizmente existem falhas no cumprimento dessas leis“, diz Mauricio Bekhor dono da Confecções Mauricio.
Em 2018, o lixo gerado na indústria têxtil é todo material derivado de sobra e resto da produção, que não possui mais utilidade após determinado processo e que, geralmente são descartados e tratados como indesejáveis. Assim, muitas vezes por falta de conhecimento ou por negligência, muitas empresas descartam esses resíduos sem o tratamento adequado, assim prejudicando ainda mais o meio ambiente, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).

Liberação de poluentes na água e no ar
“Os agentes que mais poluíam eram as indústrias de tecido e os veículos necessários para a produção. No início do século passado, havia menos carros e menos indústrias. Mas, a partir da segunda metade do século 20, com a expansão do parque industrial e a circulação de veículos, que emitiam monóxido de carbono, a qualidade do ar e das águas pioraram, diz, Mauricio Bekhor proprietário da Confecções Mauricio.
Já em 2020, segundo dados da HBS, uma peça de roupa que jogamos fora após um mês emite 400% mais de carbono em comparação a uma peça mantida durante um ano. Desse modo, o consumo desenfreado não só consome mais matérias-primas como também aumenta os impactos ambientais produzidos. Contudo, a questão da poluição e do alto consumo de recursos naturais permanecem um desafio para o setor, além do aumento de grandes indústrias no país.
Transformações na paisagem e na sociedade local
Levando em consideração todos os aspectos citados anteriormente, houve enormes transformações nas paisagens do século passado para cá. No século passado havia muitas áreas verdes, jardins, menos concreto e arranha céus. Hoje, nossa cidade é cercada de prédios luxuosos, shopping e construções.
A respeito da sociedade local, que aumentou bastante em consequência da imigração maciça, tornando as cidades cada vez mais cosmopolitas, até hoje. Segundo, Mauricio Bekhor dono da Confecções Mauricio.
Por fim, podemos concluir que essa comparação entre a produção de vestuários antigamente e atualmente, obteve muitas mudanças, nas quais não foram muito boas. E como essas mudanças refletiram na sociedade e na paisagem local.
Referencias utilizadas:
- Entrevista com Mauricio Bekhor, proprietário das confecções Mauricio.
- Equipe Akatu, “Como impactar menos o meio ambiente na hora de adquirir roupas?” https://www.akatu.org.br/noticia/como-impactar-menos-o-meio-ambiente-na-hora-de-adquirir-roupas/
- Klug, Fernanda, “Análise da redução do consumo de água no processo de lavação da viscose realizado em lavadora contínua aberta de uma indústria têxtil.” https://riuni.unisul.br/handle/12345/10375
- Silva Gazzona, Raquel, ” Trabalho feminino na indústria do vestuário”. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73301997000400005&script=sci_arttext
- SAYURI, Juliana, ” História dos Tecidos – Idade Moderna e Contemporânea” https://textileindustry.ning.com/profiles/blogs/historia-dos-tecidos-idade-1#:~:text=Motivos%20medievais%20e%20naturalistas%20tamb%C3%A9m,%2C%20cambraia%2C%20musselina%20e%20renda