Camila Junqueira e Julia Mirshawka
A produção intensiva de gado tem crescido de forma que possa atender as exigências da indústria e do mercado consumidor. Atualmente o Brasil é o maior exportador de carne bovina, com 185 milhões de cabeças. A bovinocultura apresenta-se como uma atividade de grande relevância econômico-social para o Brasil. Entretanto, não se pode desconsiderar que esta atividade é geradora de efluentes e resíduos de grande potencial poluidor. Essa pesquisa tem como objetivo identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas nos matadouros.

Uso de Antibiótico
Um dos maiores impactos para o meio ambiente é o uso de antibióticos nas criações animais, atualmente eles têm sido usados em grandes quantidades e de acordo com a Organização Mundial de Saúde eles não só trazem um risco crescente para o ambiente, mas como também para a saúde humana e até para o próprio animal.
Muitas dessas moléculas não são totalmente metabolizadas no organismo animal e seus resíduos têm sido detectados em amostras de solo, água superficial e subterrânea. A ocorrência desses resíduos no ambiente pode favorecer a resistência de microrganismos aos agentes antibióticos, além de causar problemas de ordem toxicológica a determinados organismos vivos.
Os antibióticos de uso veterinário são, no geral, representados por moléculas anfóteras, com vários grupos funcionais ionizáveis. No presente trabalho avaliam-se o uso de antibióticos e a importância da produção animal no Brasil, aspectos do seu comportamento ambiental em condições de clima temperado e, por fim, enfatiza-se a necessidade de conduzir investigações sobre sua ocorrência e comportamento em solos muito intemperados, predominantes nos ambientes tropicais.

Impacto no Solo
É preciso prestar mais atenção na identificação e na avaliação das características ambientais qualitativas, em específico do solo e do comportamento de forrageiras, de áreas submetidas a manejo intensivo de bovinos de corte, em que há alto aporte de insumos, grande produção de dejetos e aumento de pisoteio. Para aumentar eficácia e alcançar a sustentabilidade desses sistemas de produção, torna-se necessário conhecer os limites e manejar adequadamente as características ambientais determinantes da produção de alimentos. Procurou-se avaliar o impacto causado sobre a qualidade ambiental por sistemas intensivos de produção de bovinos de corte, por meio do monitoramento de características físicas e químicas do solo e de características de desenvolvimento da forrageira em quatro áreas de pastagens sob manejo intensivo e duas sob manejo extensivo, todas localizadas na Embrapa Pecuária Sudeste. Este estudo visou identificar processos de acidificação, de lixiviação de cátions ou de acúmulo de P e MO nas camadas superficiais de solos sob pastagem de Brachiaria.
A degradação das pastagens tem sido um grande problema para a pecuária brasileira, em que o uso das mesmas na produção de ruminantes é a forma mais econômica de alimentação. Essas, quando bem manejadas e utilizadas respeitando-se suas características fisiológicas e exigências climáticas e de fertilidade do solo, mantêm-se produtivas por muito tempo. No entanto, estima-se que 80% dos 50 a 60 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil Central encontram-se em algum estado de degradação, ou seja, são incapazes de sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais. Essa degradação é decorrente de vários fatores que atuam isoladamente ou em conjunto, desde a espécie forrageira, sua implantação e o manejo. Assim, faz-se necessário a utilização de técnicas para a recuperação de pastagens, de forma a otimizar o aproveitamento da área, recuperar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e viabilizar a produção de proteína animal, devido ao aumento da capacidade de suporte da pastagem. A presente revisão tem como objetivo apresentar alguns aspectos ligados à degradação das pastagens e as principais técnicas utilizadas para a recuperação dessas.

Dejetos
Com uma produção de 7,6 kg de dejetos por animal ao dia. Esses dejetos, quando lançados aos mananciais sem tratamento, podem estimular o crescimento e a multiplicação de bactérias e fungos causando eutrofização. Assim, há comprometimento dos mananciais pela contaminação química e bacteriológica, que não ficam restritas somente ao local de lançamento, uma vez que esses mananciais podem atravessar diversos municípios. Esta pesquisa procurou ter um enfoque relacionado aos problemas ambientais que esses dejetos causam no meio ambiente. Foram identificadas diversas alternativas de manejo para esses resíduos, tais como a geração de energia, a produção de ração animal a partir de esterco ensilado e a produção de fertilizantes. A bibliografia internacional e principalmente a nacional, relativos a este tema, ainda são incipientes. O produtor e empresário do setor, notadamente os de pequeno porte, carecem de informações técnicas a respeito, o que resulta em adoção de tecnologias inadequadas ou pouco eficientes no tratamento de dejetos animais, colocando em risco os ecossistemas e a saúde pública.
Descarte de Resíduos
Os resultados apontaram que os maiores impactos ambientais se referem ao depósito de fezes, sangue, vísceras não comestíveis e gorduras no lixão, sendo considerados como fontes atrativas para vetores e contaminação do solo e recursos hídricos, ou seja, uma ameaça à saúde pública. Diante dessas circunstâncias, apontou-se como proposições a reforma e ampliação do matadouro, tendo em vista a complexidade e abrangência dos atuais problemas levantados e a reciclagem como prática mais adequada para destinação dos resíduos gerados.
Nos abatedouros frigoríficos há produção de resíduos sólidos e líquidos, que caso não sejam tratados antes de sua destinação final ao meio ambiente pode acarretar prejuízos sanitários e ambientais em uma região. Sendo assim, buscou-se no presente estudo identificar se os abatedouros frigoríficos públicos municipais do Agreste Pernambucano realizam o tratamento de efluentes. Os dados foram coletados em 20 laudos técnicos emitidos pela Agência de Defesa Agropecuária Estadual, disponíveis no sítio eletrônico do Ministério Público do Estado de Pernambuco. Verificou-se que 85% dos abatedouros analisados não realizam tratamento dos efluentes. Conclui-se que os abatedouros frigoríficos do agreste pernambucano precisam implantar e/ou adequar os sistemas de tratamento de efluentes, minimizando assim os riscos sanitários e ambientais da população.
REFERÊNCIAS
PASTAGENS DEGRADADAS E TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO: REVISÃO
Wellyngton Tadeu Vilela Carvalho e colaboradores
TRATAMENTO DE RESÍDUOS EM ABATEDOUROS FRIGORÍFICOS DE BOVINOS EM PERNAMBUCO
Elâne Rafaella Cordeiro Nunes Serafim e colaboradores
http://ead.codai.ufrpe.br/index.php/medicinaveterinaria/article/view/2368
IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS E QUALIDADE DA ÁGUA DA PRODUÇÃO ANIMAL INTENSIVA
Marcelo Antunes Nolasco, Rafael Boecker Baggio, Jaqueline Griebeler
https://periodicos.pucpr.br/index.php/cienciaanimal/article/view/9081
AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE SISTEMAS INTENCIVOS DE PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA CONDUZIDOS EM PASTAGENS
Odo Primavesi Luciano de Almeida Corrêa
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/48312/1/Boletim14.pdf
COMPORTAMENTO E IMPACTO AMBIENTAL DE ANTIBIÓTICOS USADOS NA PRODUÇÃO ANIMAL BRASILEIRA
Jussara Borges Regitano e Rafael Marques Pereira Leal
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-06832010000300002&script=sci_arttext&tlng=pt