Thomas e Antônio 

A seda é produzida a partir da secreção do bicho-da-seda (Bombyx mori). Ao formar um casulo para sua metamorfose, produz uma secreção ótima para tecidos, devido sua resistência, extensibilidade e absorção de energia em ruptura. Uma lagarta é capaz de produzir centenas de metros de fio.  

Esse é um fio caro, de alta qualidade, utilizado principalmente na confecção de tecidos e vestuários. Se analisou, nesta pesquisa, a sustentabilidade da produção de vestimentas de seda. 

Etapas de produção 

A primeira etapa da produção é a manutenção do ovo da lagarta num ambiente controlado. A fêmea deposita entre 300 e 400 ovos, e morre logo após. Quando cresce completamente, deixa de comer e começa a construção de seu casulo. 

Figura 1. Ciclo de vida de B. Mori. Disponível em http://tede.unioeste.br/bitstream/tede/658/1/Dissertacao%20-16.pdf

 Existem vários tipos de bosques (suportes para o inseto tecer o fio) utilizados para o encasulamento, e os casulos defeituosos são encontrados em mesas especiais que produzem luz. Em 12 dias, os casulos são seccionados e pesados. Na hora em que a lagarta vira mariposa, ela umedece a casca do casulo para facilitar o rompimento, e nesse momento, ela é sacrificada através da secagem, onde retiram a umidade do casulo, para evitar o rompimento e danificação desse. A secagem dura em torno de 3 horas. Posteriormente, são selecionados e mergulhados em água quente para facilitar o aproveitamento do fio. No final, os casulos são selecionados novamente, e os de qualidade são usados em roupas, enquanto outros são utilizados em outros produtos. 

Consumo de Água 

Uma das indústrias que mais afeta a água com o descarte incorreto de resíduos químicos poluentes é a da moda. Uma quantidade absurda de água é gasta, e é chocante pensar sobre isso, ainda mais porque somente 2.5% da água no planeta é potável e 0.3% disponível para humanos. O processo de tingimento inutiliza uma quantidade extrema de água potável. A água também é utilizada para ferver os casulos das larvascomo é dito no texto: O processamento do casulo inicia-se com os mesmos, passando pela secagem, para retirar a umidade e garantir condições adequadas para o armazenamento, por um ano, geralmente. Posteriormente, ocorre um processo de seleção, para separar os casulos defeituosos. Após essa etapa, os casulos são mergulhados em água quente. (CUNHA, 2007). Uma grande quantia de água também é utilizada para cultivar as plantas que servem de alimento para as larvas. 

Mão de Obra e Relações de Trabalho 

A sericultura pode ser realizada em áreas inferiores a 10 hectares (0,1 km²) 

Figura 2. Área necessária para se ter uma fazenda vs. para sericultura

e pode ser utilizada a mão de obra familiar. Realizado um estudo em uma propriedade em Quatá (SP), dado 51,5% do Custo Operacional Efetivo (composto por mão de obra, insumos e energia elétrica) e 35,5% do Custo Operacional Total resultante das despesas com depreciação de máquinas e equipamentos, despesas administrativas e juros de custeio, obteve-se um Índice de Lucratividade superior a 50% e taxa de retorno de 9,68%, o que torna a atividade rentável, já que o lucro é proporcional a melhores índices de produção e o retorno é rápido. (Omar Jorge Sabbag; Daniel Nicodemo; José Eduardo Martins Oliveira, 2013) 

Figura 3. Antônio Dosso (à esquerda) trabalha com sericultura junto de sua família. Disponível em: Assessoria de Comunicação da UEM e Larissa Grizolli / https://www.comprerural.com/a-arte-da-sericicultura-ganha-espaco-no-pais/

Há uma relação desigual entre empresa e produtores. Os produtores não têm controle sobre a forma de produzir e o preço da produção é estipulado pela empresa a partir da avaliação da qualidade dos casulos, realizada a partir de critérios estabelecidos unilateralmente pela empresa (PAULINO, 2003). 

É possível perceber que as empresas que compram os casulos decidem os preços deles, o que é um grande problema. Não existe regulamentação para a qualidade de tais casulos, o que significa que o produtor pode ser pago muito menos do real preço desses. 

“O aumento da taxa de lucro, que se dá pelo não pagamento da mão de obra do trabalho de toda a família, é outro elemento que favorece as empresas (OLIVEIRA, 1990; PAULINO, 2003). 

Como as empresas se beneficiam não pagando a mão de obra familiar, os produtores sofrem na mão delas. Não tendo um real vínculo trabalhista, não recebem pagamento de horas extras, trabalho noturno, férias, 13º salário, vigilância da saúde e segurança. As larvas também consomem mais e mais comida de acordo com seus estágios, chegando a comer 7 vezes por dia. Isso traz uma sobrecarga física aos trabalhadores na última semana de produção. 

Concluindo, o produtor da seda não possui boas relações de trabalho e a legislação não o protege. 

Impactos da produção 

Nesse processo, muitas vezes é produzida a seda residual, imprópria para a indústria, mas que pode ser utilizada em processos manuais de confecção, e vem ganhando seu mercado. Praticamente toda seda produzida é vendida, então isso não é particularmente um problema. O único problema é o tingimento dos tecidos, um dos principais fatores poluentes da água no mundo, que deixa resíduos na água potável, tornando-a não potável. 

Figura 3. Tingimento das roupas resulta na poluição da água. Disponível em: Gigie Cruz-Sy – Greenpeace / https://www.sustainyourstyle.org/old-environmental-impacts

A poluição está muito presente na produção de tecidos de seda, embora a maioria não seja em grande escala. Por exemplo, o transporte, tanto dos casulos, dos fios já confeccionados, dos tecidos das folhas de amoreira, utiliza veículos motorizados, o que causa poluição no ambiente pela liberação dos combustíveis fósseis. Os agrotóxicos que são utilizados para o crescimento das amoreiras poluem o solo, água e ar. O processo de tingimento dos tecidos, que como já citado nos parágrafos anteriores, causam aproximadamente 20% da poluição dos oceanos. 

Esgotamento dos recursos naturais e poluição 

A produção da seda, em si, é considerada “sustentável”. Todos os recursos utilizados são produzidos ao invés de retirados da natureza e não há processos muito poluentes. O único problema, como já citado, é a inutilização de água potável devido ao tingimento. 

A produção de tecidos, tanto os de seda como qualquer outro, sempre vêm com as suas consequências, causando várias transformações no ambiente, e estas servem de provocação para que grande parte da sociedade lute por um método de produção que menos prejudique o meio ambiente em questões de poluiçãoNas paisagens, por exemplo, podemos ver mais fazendas que cultivam amoreirasOu então na sociedade atual, em que algumas pessoas de classes sociais mais altas acabam usando vestuários de seda como uma forma de demonstrasua riqueza  

Após todas essas informações presentes no texto, e depois de uma breve discussão, concluímos que a produção de seda, em si, é relativamente sustentável. Durante seu processo de produção, não se vê nada que gaste muita energia. O real problema está presente no processo de tingimento dos tecidos, e na exploração dos direitos trabalhistas. 

 

Fontes de pesquisa: