Arthur Souza e TomásGirard 

Publicado 19 de Novembro, 2020

 

As informações presentes no texto são resultado de pesquisas sobre os impactos da produção de embalagens e materiais biodegradáveis. Apresentando, etapa por etapa, a diferença entre polímeros biodegradáveis e polímeros plásticos descartáveis, exaltando suas contribuições ou desfavores ao meio ambiente. 

Atualmente, o consumo de matéria prima não renovável vem se intensificando ao redor do mundo.Combustíveis fósseis conquistaram o mercado e com sua extração excessiva, problemas como aquecimento global e contaminação do meio ambiente alarmam a sociedade e exigem mudanças no consumo, na economia e na ciência. Em 2007, um grupo de pesquisadores do Departamento de Microbiologia da USP publicaram um artigo que abordava uma pesquisa sobre os diferentes meios de alcançar a biodegradabilidade no desenvolvimento de embalagens.  

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Por trás da prática de produção 

 

Assim como as embalagens genéricas, embalagens biodegradáveis também são produzidas em fábricas, lugar conveniente para fabricação de produtos. No início da produção, as embalagens ainda são como polímeros comuns que não podem ser descartados em ambientes naturais, porém, após passarem pela segunda fase da indústria, recorrem aos laboratórios e áreas especializadas onde há o acréscimo da poli-hidroxialacanoatos (PHA), bactéria que providencia o fator biodegradável e renovável.  

Dessa forma, o plástico que atua como matéria prima da embalagem adquire propriedades sustentáveis e passa a ser o que denominamos de bioplástico ou plástico verde. 

Acima de tudo, é preciso ter certeza de que o material pode ser decomposto no meio ambiente, para isso são realizados alguns testes de biodegradabilidadeem uma das etapas de produção. Uma das formas de avaliação do produto consiste na medida quantitativa da conversão do carbono presente no PHA em gás carbônico, transformação química que ocorre por conta de um conjunto de bactérias no ambiente. 

Grânulos de polímero biodegradável do tipo poli-3-hidroxibutirato (P3HB) no interior de bactérias (preparação e fotomicrografia eletrônica realizadas por Rita de Cássia Paro Alli, Agrupamento de Biotecnologia, DQ, IPT) Fonte: SILVA, L. e outros (ver referências bibliográficas)

Da indústria ao comércio 

 

As características de produção apresentadas no tópico anterior influenciam e moldam a forma como as embalagens biodegradáveis serão comercializadas. O processo pelo qual o produto passa até ser disponibilizado para entrega faz com que aqueles que estiverem administrando os esquemas de produção e comercialização exijam um valor maior em relação às embalagens convencionais.  

Outro fator que mede o valor adequado para o comércio desses polímeros biodegradáveis é o tratamento especializado que o produto deve receber. Esse procedimento é essencial para que os polímeros adquiram as características que o classificariam como biodegradável (biodegradabilidade e renovabilidade).  

No entanto, a adição de bactérias e outras substâncias no produto incluem um número maior de instituições que participam da produção das embalagens (maior mão de obra), exigindo um maior lucro para atender e remunerar a contribuição de todos. 

O descarte de um produto normalmente representa a última etapa da comercialização, até porque após o uso de determinada embalagem não se tem nada a fazer com ela, a não ser jogá-la no lixo. Isso não se aplica a polímeros biodegradáveis e renováveis que, ao contrário de embalagens genéricas, podem ser depositados na natureza, onde serão decompostos e degradados, o que representa um grande acréscimo positivo ao descarte desses produtos biodegradáveis. 

Dirigindo-se à questão optativa de qual material seria mais adequado para explorar a biodegradabilidade, o Prof. e Dr. José Carlos Pinto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) defende o investimento no bioplástico. “Os ecologistas se equivocam quando tratam o material plástico como lixo. É necessário que todo resíduo seja tratado como matéria-prima. Todo material plástico é, potencialmente, reciclável e reutilizável”, apresenta o professor-diretor. 

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Funções- Vantagens e Desvantagens  

 

Para compreender a forma como essas bactérias se relacionam com a biodegradabilidade, é necessário que ampliem o olhar sobre o processo de decomposição das embalagens. É datado que o resultado da degradação de produtos biodegradáveis na natureza se dá por um ou mais mecanismos enzimáticos presentes nos microrganismos, que despedaçam os resíduos biodegradáveis, separando-os e quebrando seus grupamentos atômicos em partes menores, mais facilmente decompostas. 

Optar por embalagens biodegradáveis inclui inúmeras vantagens destinadas ao consumidor e, principalmente, ao meio ambiente, como por exemplo, é capaz de ser decomposta naturalmente o que permite o descarte em ambientes especializados, além de serem constituídas por matéria prima renovável que se torna cada vez mais conveniente nos dias atuais. Ainda assim, existem desvantagens no consumo dessas embalagens, como dito nos parágrafos de “Por trás da prática de produção”, o processo pelo qual esses produtos passam incluem diversos laboratórios, fábricas e instituições, exigindo uma enorme mão de obra e consequentemente liberando uma enorme quantidade de poluentes.  

Há a possibilidade do produto ser descartado meio a um habitat animal, muitas vezes servindo de alimento para diversas espécies, gerando problemas de saúde e ameaças a esses seres vivos. Poconta disso, o descarte costuma ser feito em usinas de compostagem, onde há condições adequadas de luz, umidade, temperatura e quantidade correta de micro-organismos, para que o descarte não gere prejuízos à natureza. Outras pesquisas apontam que há substâncias e materiais que não precisam ser decompostos em usinas, porém não há registros de que a poli-hidroxialcanoatos se aplique a essa categoria. 

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A partir desses estudos, pode-se observar a evolução ocorrida no país em relação ao desenvolvimento de tecnologia e conhecimento científico relativo à produção de poli-hidroxialcanoatos (PHA) e sua utilização como polímero biodegradável e biocompatível. 

Uma análise deste conhecimento acumulado no país permite apontar, como alvo atual, o controle de diferentes aspectos de PHA para, entãoserem produzidos polímeros sob medida para aplicações estratégicas, aderindo a condições sustentáveis. 

O processo e as etapas pelo qual essas embalagens passam são essenciais para entendermos a importância desses produtos para o ambiente. Ainda se relacionam com a forma como iremos consumir nas próximas décadas e qual será o nível do impacto sustentável desses polímeros. 

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Referências utilizadas 

Artigo do centro do Departamento de Microbiologia da USP no acervo online da SciELO: 

Produção biotecnológica de poli-hidroxialcanoatos para a geração de polímeros biodegradáveis no Brasil 

Luiziana Ferreira da Silva; José Gregório Cabrera GomezI; Rafael Costa Santos RochaII; Marilda Keico TaciroII; José Geraldo da Cruz Pradella – Depto de Microbiologia da USP 

Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422007000700040&script=sci_arttext&tlng=pt  

Acessado 03/11 

Tópicos destacados- “Introdução”, “Testes de Biodegradabilidade” e “Comentários Finais e Perspectivas.