Sofia Gaspar Costa Machado e Lea Zukauskas Colli 

Atualmente, a mídia tem dado bastante atenção às embalagens plásticas, como elas podem afetar o meio ambiente e contribuir para o aquecimento global. Sabendo disso, precisam ser tomadas medidas para diminuir o impacto do plástico no meio ambiente, reduzindo o consumo destas embalagens ou praticando a reciclagem. No entanto, pesquisas apontam que a fragmentação de materiais plásticos que ocorre na reciclagem pode formar partículas poluentes, os microplásticos. Mas antes de mais nada, é importante primeiro que seja compreendido o caminho que as embalagens plásticas fazem antes e depois de estarem nas mãos de cada consumidor.          

O plástico é um material que pertence à classe dos polímeros. Pode ser obtido artificialmente por meio de substâncias derivadas do petróleo ou de fontes renováveis, e é formado por longas cadeias moleculares. O ciclo do plástico tem seu início a partir do processo denominado “extrusão”. A matéria prima principal, o polietileno (quimicamente o polímero mais simples), começa em seu estado inicial granulado e é derretido em altas temperaturas, para mais tarde, com auxílio de um jato de ar formar o filme plástico com abertura interna. É possível também adicionar pigmento para que a embalagem tenha a cor desejada. 

Imagem esquema explicando o processo de extrusão. Fonte: maisplomeros.com

 

É possível afirmar, também, que a produção do plástico usado nas embalagens conta com um significante uso da água. Estudos da Water Footprint Network apontam que para a produção de uma garrafa de plástico de água mineral vista em supermercados, é consumida uma quantidade de água que pode ser de seis a sete vezes maior que o volume do conteúdo da própria garrafa. Além do mais, de acordo com a mesma fonte, a população dos EUA adquire cerca de 29 bilhões de garrafas de água mineral por ano. Com esses dados, é possível fazer uma breve estimativa do consumo total de água (através deste produto) nos Estados Unidos anualmente, o que resultaria em mais de 100 bilhões de litros de água consumidos em garrafas de água mineral, o que equivale a 40 mil piscinas olímpicas. 

Por fimcomo a etapa final deste ciclo, está o descarte. Neste ponto, a embalagem pode seguir dois caminhos: a reciclagem; ou o descarte errôneo, que leva à poluição. Vamos analisar os dois cenários: 

 

Descarte de Plástico Pela Reciclagem 

  •  Para a garantia de que o material será reciclado, deve-se realizar a coleta seletiva, onde ocorre a separação do lixo orgânico e do reciclável (o que inclui o plástico), para então deixá-lo em um centro de reciclagem. A reciclagem em si se dá quando o plástico passa por um processo de trituração, onde volta ao seu estado inicial (granulado), para então ocorrer a reutilização esse material para produzir novas embalagens ou outras coisas, como tubulações de esgoto, por exemplo. Entretanto, antes de enviar as embalagens plásticas para serem recicladas, é importante lavá-las e separá-las dos outros materiais recicláveis (papel, vidro e metal), ou até considerar a reutilização do objeto para poupar a energia e os recursos gastos no processo da reciclagem, e evitar a produção de microplásticos. 
Lixeiras para separar os materiais e facilitar a reciclagem (categorias: orgânicos, papel, vidro, metal e plástico) Imagem do site: larplasticos.com.br

 

Descarte Poluente do Plástico 

  • A poluição causada pelo plástico não reciclado pode ocorrer de algumas formas diferentes. Uma delas é o acúmulo de materiais no meio ambiente, como um resultado de sua lenta decomposição, que pode levar cerca de 400 anos. Outro aspecto é o encontro das embalagens plásticas com a vida animal: entre baleias, tartarugas, e golfinhos, no mínimo 300 animais marinhos morrem todos os anos nas águas tailandesas por engolir resíduos plásticosAlém disso, estima-se que o peso em plástico no oceano será superior ao peso em peixes quando chegarmos ao ano de 2050.  

E por fim, como um terceiro fator poluente, estão os microplásticos, pequenas partículas de plástico, que se dão com o esfarelamento de plásticos maiores, que pode ocorrer com o desgaste de pneus, por exemplo, ou até, por incrível que pareça, no processo de reciclagem. Os microplásticos são uns dos maiores poluentes do oceano por alterar a sua composição, e pode ser encontrado em animais, alcançando até os seres humanos, possivelmente prejudicando a saúde destes de forma ainda indeterminada pela medicina. Segundo a National Geographic, uma equipe de cientistas marinhos da Universidade Flinders concluiram após uma pesquisa, que nas Maldivas, os microplásticos nas praias se encontram em grande quantidade, uma das maiores em escala mundial. Sobre a significativa biodiversidade marinha nas Maldivas, a bióloga de conservação da Universidade Flinders, Karen Burke Da Silva, informa: “O tamanho dos microplásticos é extremamente importante porque é consumido por invertebrados e peixes menores, que posteriormente servem de alimento para peixes maiores”. 

Microplásticos encontrados na praia – pesquisa da FAPESP

 

Com essas informações, conclui-se que quando se trata de plásticos, a própria reciclagem pode causar poluição, devido à ação dos microplásticos. Portanto, tanto diminuir drasticamente o consumo de embalagens plásticas, quanto fazer o uso de embalagens biodegradáveis se provaram ser opções mais viáveis.  

 

Principais referências utilizadas