Para Daniel Souza, membro da equipe de coordenação da Escola Vera Cruz, os currículos sempre refletiram as escolhas políticas de valorizar a branquitude e o pensamento europeu. “Não há neutralidade na construção de um currículo: ele sempre carrega relações de poder e uma decisão teórico-política”, diz ele. Educar para as relações étnico-raciais é, portanto, repensar o currículo, incorporando perspectivas que foram silenciadas ao longo da história.
Em entrevista ao podcast Zum-Zum no Vera, o especialista, que é também professor convidado da PUC-SP e um dos organizadores do seminário “Diálogos Étnico-Raciais na Escola: identificando paradoxos, compartilhando experiência”, discute sobre:
- O currículo como uma invenção histórica, política e epistemológica, não algo neutro.
- A importância de colocar a branquitude no centro da revisão curricular, para evitar apenas criar consensos superficiais.
- Proposta de pensar o currículo como lugar de tensão e negociação, e não apenas como lista de conteúdos.
- Currículo e formação de professores: a importância de que professores sejam reconhecidos como intelectuais e pesquisadores em sala de aula.
- A escola como espaço de cocriação democrática, envolvendo professores e comunidade.
- Paradoxos da educação antirracista em escolas de maioria branca.
- Importância de nomear essas contradições e buscar responsabilização efetiva.