A racialidade sempre existiu no currículo — mesmo no silenciamento

Para Daniel Souza, membro da equipe de coordenação da Escola Vera Cruz, os currículos sempre refletiram as escolhas políticas de valorizar a branquitude e o pensamento europeu. “Não há neutralidade na construção de um currículo: ele sempre carrega relações de poder e uma decisão teórico-política”, diz ele. Educar para as relações étnico-raciais é, portanto, repensar o currículo, incorporando perspectivas que foram silenciadas ao longo da história. 

Em entrevista ao podcast Zum-Zum no Vera, o especialista, que é também professor convidado da PUC-SP e um dos organizadores do seminário “Diálogos Étnico-Raciais na Escola: identificando paradoxos, compartilhando experiência”, discute sobre: 

  • O currículo como uma invenção histórica, política e epistemológica, não algo neutro. 
  • A importância de colocar a branquitude no centro da revisão curricular, para evitar apenas criar consensos superficiais. 
  • Proposta de pensar o currículo como lugar de tensão e negociação, e não apenas como lista de conteúdos. 
  • Currículo e formação de professores: a importância de que professores sejam reconhecidos como intelectuais e pesquisadores em sala de aula. 
  • A escola como espaço de cocriação democrática, envolvendo professores e comunidade. 
  • Paradoxos da educação antirracista em escolas de maioria branca. 
  • Importância de nomear essas contradições e buscar responsabilização efetiva. 

Luiz Lira

Luiz Lira morou em Pernambuco e lá iniciou o desenho. Ao vir para São Paulo, começou a fazer gravuras ainda criança, quando entrou no Instituto Acaia. Seus estudos tiveram relação com a capoeira, o desenho e a cerâmica; essas três vertentes estruturam o seu fazer artístico hoje. Posteriormente, ingressou no Instituto Criar e fez formação em Cinema. A partir daí, dedicou-se aos estudos para vestibulares em universidades, assim participou do Acaia Sagarana. Lira ingressou na Unicamp e atualmente cursa Artes Visuais.  A experiência universitária faz com que se aproxime de outros grupos de gravuras, como Ateliê Piratininga e Xilomóvel. Também tem contato com Ernesto Bonato, que é um grande artista e pessoa. Trabalha em ateliês compartilhados em Campinas (SP) e suas produções são semeadas em diversos espaços.