O que e como ensinamos

No último mês, um momento emocionou parte do Conselho Editorial da Zum-Zum. Assistimos à apresentação de TCC de Alicia Alexandre Araújo, aluna do curso de Pedagogia do Instituto Vera Cruz. Alicia tomou a Zum-Zum como objeto de estudo e, em sua apresentação, destacou a importância da revista como objeto de formação e de divulgação de práticas de educação para as relações étnico-raciais.

Alicia é uma mulher negra e, apesar de ter frequentado a escola bem após a aprovação da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, só teve os primeiros contatos com esse tema durante a graduação. Ela decidiu abordar a Zum-Zum como tema de seu trabalho justamente por reconhecer a importância de difundir práticas que tornem essa lei realidade no chão das escolas do país.

E agora ela própria poderá colaborar para essa missão. A partir da próxima edição, Alicia passará a fazer parte do Conselho Editorial da Zum-Zum, contribuindo com sua experiência e seu conhecimento para a construção de nossos próximos números. Além disso, ela passará a vivenciar na prática o projeto de educação antirracista do Vera: Alicia, depois de se formar, se tornou professora auxiliar do Nível 1 do Ensino Fundamental. Bem-vinda, Alicia!


Cultura e currículo são os dois eixos que guiam esta edição da Zum-Zum. Decidimos partir das manifestações culturais brasileiras, que tantas vezes são o único ponto de contato de estudantes com a história e cultura africana e afro-brasileira. Mas o tópico precisa ser tratado de forma muito mais ampla: é preciso que todas as áreas de conhecimento façam uma revisão profunda dos temas e das formas como ensinam. É preciso incluir novas visões de mundo, novos autores, novas perspectivas sobre os mesmos fatos que já são estudados pelos alunos.

Acreditamos que, quando há um projeto estruturado de educação para as relações étnico-raciais, a cultura surge, não como um ponto exótico. Festas tradicionais e manifestações culturais surgem como parte importante da reflexão sobre a formação do Brasil e o uso da cultura, como forma de existência, rexistência e participação política.

Na reportagem de capa, você notará que demos destaque ao tema do currículo como os conteúdos, as habilidades e as competências que são abordadas em sala de aula. Mas acreditamos numa visão muito mais ampla de currículo: a visão em que tudo o que acontece na escola é parte da aprendizagem do aluno. Por isso, nosso compromisso tão forte com um projeto transversal e participativo. Queremos formar estudantes que aprendam a ser antirracistas não só dentro de sala, mas também nas relações com colegas, na discussão com a comunidade escolar, na diversidade de pessoas com quem interagem e em tantas outras experiências que acontecem durante a sua trajetória escolar.

Esperamos que você aprecie a leitura e consiga reconhecer esse compromisso ao longo desta edição.

Conselho Editorial da revista Zum-Zum

Luiz Lira

Luiz Lira morou em Pernambuco e lá iniciou o desenho. Ao vir para São Paulo, começou a fazer gravuras ainda criança, quando entrou no Instituto Acaia. Seus estudos tiveram relação com a capoeira, o desenho e a cerâmica; essas três vertentes estruturam o seu fazer artístico hoje. Posteriormente, ingressou no Instituto Criar e fez formação em Cinema. A partir daí, dedicou-se aos estudos para vestibulares em universidades, assim participou do Acaia Sagarana. Lira ingressou na Unicamp e atualmente cursa Artes Visuais.  A experiência universitária faz com que se aproxime de outros grupos de gravuras, como Ateliê Piratininga e Xilomóvel. Também tem contato com Ernesto Bonato, que é um grande artista e pessoa. Trabalha em ateliês compartilhados em Campinas (SP) e suas produções são semeadas em diversos espaços.