As aulas de nossa pós ocorrem, em geral, duas vezes na semana, às segundas e quartas-feiras ou quintas-feiras, sempre das 19h às 22h. As oficinas são realizadas às segundas e as disciplinas temáticas são ministradas às quartas e quintas-feiras. Os eventos – palestras, conferências e diálogos – poderão ocorrer em qualquer dia da semana ou finais de semana. Como trabalho de conclusão os estudantes devem apresentar uma obra literária planejada e escrita durante sua formação, que será lida e comentada criticamente por dois professores do curso.
Com o fim das restrições impostas pela pandemia, voltamos com as nossas aulas no campus do Instituto Vera Cruz e reafirmamos a importância dos encontros presenciais entre professores e alunos. O processo de aprendizagem se dá não apenas a partir da interação dos alunos com os professores e conteúdos discutidos. A formação de um grupo de estudantes que compartilha o mesmo interesse é fundamental para intensificar o aprendizado, já que as trocas se mantêm ativas mesmo nos períodos em que não há aulas. Por isso, reafirmamos nosso compromisso com as aulas presenciais e utilizaremos os recursos digitais educacionais como suporte no fortalecimento dos processos de aprendizagem no curso.
Oficinas de Criação Literária
As oficinas de criação literária analisam a produção dos estudantes e acontecem durante todo o curso. Em grupos de 15 pessoas, os estudantes se reúnem para comentar textos de sua autoria oferecidos ao grupo a partir de um calendário de entrega de textos estabelecido no início dos encontros. Todos têm seus textos lidos e comentados, e os professores intervêm orientando a conversa do grupo, esclarecem dúvidas técnicas e fazem exposições sobre conteúdos que possam ajudar o grupo na leitura crítica dos textos.
Durante essas oficinas, os múltiplos olhares – dos colegas e do professor – promovem uma crítica atenta aos textos apresentados, ao mesmo tempo que se respeitam princípios e propostas manifestados no projeto de cada autor. Baseado no modelo de Oficinas de Escrita de Iowa (EUA), esse exercício possibilita ao estudante aprender, na prática, como aliar conteúdo e forma para ajustar seus textos às suas intenções e aos valores estéticos que fundamentam seu projeto.
Disciplinas temáticas específicas e optativas
As disciplinas temáticas – específicas e optativas – exploram os temas propostos e promovem a leitura crítica de textos que ilustram as questões e conteúdos em discussão. Entre seis e oito disciplinas temáticas deverão ser feitas ao longo dos dois anos correspondentes à formação. No caso das disciplinas optativas, os estudantes escolhem os temas livremente, a partir da variedade oferecida ao longo do curso. O conjunto dessas disciplinas é renovado a cada bimestre, com o objetivo de dar ampla possibilidade de escolha para os estudantes. Enriquecidos por abordagens teóricas e leitura crítica de literatura, os estudantes ampliam seu repertório enquanto são estimulados ao exercício da escrita crítica ou literária.
Ser autor: processos de criação ficcional
Como se dá a criação de textos literários? O que chamamos de criação literária? Esta disciplina, introdutória para os alunos do núcleo de Ficção – e optativa para os demais núcleos –, pretende desmistificar a produção literária, trabalhar técnicas de estímulo à criação e o desenvolvimento de percepções conceituais e artísticas que possibilitem o amadurecimento de projetos literários.
O “eu” na não ficção
“Eu” é normalmente a primeira palavra que escrevemos quando começamos a rascunhar textos na infância. Descrever o dia, confessar amores e registrar impressões marcam muitos de nossos primeiros contatos com a literatura. Partindo dessa ideia, a disciplina pretende incentivar os alunos a mergulhar nas possibilidades das narrativas em primeira pessoa. A partir de exercícios que serão lidos e discutidos em sala, e de livros de apoio, os alunos receberão um breve panorama dos gêneros caracterizados pelo “eu” na não ficção e serão convidados a vasculhar suas experiências para encontrar temas de escrita.
O amplo universo da não ficção
Esta disciplina apresenta aos alunos as principais questões que hoje cercam o universo da chamada “não ficção literária” – a começar pela própria nomenclatura. O que é este amplo universo do que não é ficção? Ainda é válido conversar sobre fronteiras entre gêneros na literatura contemporânea? A partir destes e de outros questionamentos, iremos discutir textos de não ficção canônicos e contemporâneos, muitos deles escritos por autores que também se fazem estas mesmas perguntas e ensaiam suas respostas por meio da escrita, criando uma arte que desafia as expectativas do leitor. O programa espera que o aluno conheça a não ficção por meio da própria não ficção, lendo criticamente textos básicos do seu cânone ainda em construção. Considerando o histórico da produção literária – e da não ficção – ao longo dos séculos, as leituras tentarão ser o mais inclusivas e diversas o possível, o que felizmente fica mais fácil ao evoluirmos na linha do tempo: hoje, a não ficção é um espaço muito rico, em que múltiplas vozes podem se fazer ouvir.
Ferramentas para tratar a realidade como literatura
Acontecimentos e personagens reais são fontes ricas de significado, apenas à espera de um olhar atento e treinado, que possa capturá-los no papel. Como mostraram autores de todo o mundo, com ênfase nos americanos e ingleses contemporâneos, há inúmeras possibilidades criativas de recontar os fatos, lançando mão das ferramentas literárias para tratar a realidade como literatura. Ao explorar três delas – a pesquisa, a descrição e a construção de personagens –, a disciplina deseja estimular nos alunos uma percepção ampla sobre a escrita não ficcional, que inclua as técnicas literárias usadas tanto nos formatos inovadores do gênero quanto nos mais tradicionais.
O outro na não ficção
Considerando o outro como todo aquele que não sou eu, mas visto a partir do eu de quem escreve, a não ficção permite dar conta de um amplo universo do real e do fazer literário. Nesta disciplina, o aluno será introduzido às ferramentas utilizadas para dar conta dessa construção do outro, tanto no plano da observação de diversas modalidades da não ficção, tais como perfis, entrevistas e biografias, quanto na experimentação de suas próprias narrativas, a partir de exercícios propostos em paralelo às leituras.
As crises do romance
Este curso propõe uma releitura da história do romance, a partir dos textos teóricos e críticos dos próprios romancistas. Depois de conhecerem as principais teorizações sobre o gênero, os alunos percorrerão uma série de ensaios, artigos, prefácios, cartas e trechos de alguns romancistas canônicos, para acompanhar como a ideia de romance vai se transformando amplamente ao longo dos séculos. Entre outros autores, o curso abordará alguns textos críticos de Defoe, Balzac, Flaubert, Dostoiévski, Proust, Joyce, Woolf, Macedonio Fernández, Beckett, Sarraute, Sebald e Coetzee. Nesse breve percurso pelas circunvoluções do gênero, o romance se revela sempre instável e indeterminado, tendo sua própria crise como um de seus elementos constitutivos. Explora-se a história do romance, então, como a história de suas sucessivas crises.
Crônica: gênero livre
Um gênero híbrido pede uma abordagem abrangente. O curso traça um panorama histórico da crônica, com foco na produção nacional. Também faz uma reflexão sobre seu desenvolvimento, procurando diferenciá-la de outros gêneros, como o conto, o ensaio, a reportagem e o poema em prosa. Questões de linguagem, tom e estilo recebem atenção especial. Os alunos são estimulados a produzir crônicas, analisadas e discutidas em classe.
Ensaio: uma abordagem literária do pensamento
Neste curso, investigamos os limites e as possibilidades do ensaio como uma forma literária do pensar. Ao escrever um ensaio, projetamos nosso olhar sobre um objeto qualquer num gesto de reflexão, deixando no texto nosso rastro subjetivo. Entendemos que um ensaio literário pretende se aproximar da e se aprofundar na intimidade de um conceito, sem, porém, querer chegar em alguma conclusão definitiva a seu respeito. O trabalho do ensaísta está em revolver seu objeto, observando-o por todos os lados, de fora, de dentro, de soslaio, fazendo emergir dele todo o seu potencial reflexivo. Desse modo, o ensaio propicia uma abertura para as dimensões daquele objeto que, embora estejam inscritas nele desde sempre, permanecem invisíveis até encontrarem sua manifestação na linguagem. A disciplina oferece subsídios teóricos para sustentar a prática escrita deste gênero tão fluido, concentrando-se em propostas de escrita e discussão de textos.
Escrevendo humor a sério
O que é humor? É possível fazer boa literatura com humor? Quais são as técnicas recorrentes no humor literário? Que escritores brasileiros utilizam o humor de forma sistemática, e como? Quais as relações entre humor e poesia? Em cinco encontros, tentaremos responder a essas perguntas a partir da análise de textos teóricos (de Ricardo Araújo Pereira, Virginia Woolf e Sigmund Freud, dentre outros), da análise de trechos de prosadores brasileiros (dentre eles, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Reinaldo Moraes e Veronica Stigger), da análise de poemas de autores brasileiros e estrangeiros (dentre eles, Oswald de Andrade, Angélica Freitas e Wislawa Szymborska), além da análise de textos de outras mídias (filmes, memes, peças de teatro e tiras de jornal).
Escritores esquecidos: literatura brasileira experimental e marginal
O cânone oficial da literatura brasileira do século XX é bastante conhecido e inclui nomes como Drummond, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Contudo, para que alguns nomes se firmem na memória cultural de uma nação ou língua, outros tantos ficam pelo caminho. A oficina discute o processo político de permanência para compreender como se dá o esquecimento, além de procurar entender os fatores que o determinam: experimentação da linguagem, temas espinhosos, inquietação formal, desafio às normas, incomodidade existencial. Como exercício de reflexão, os alunos escrevem um ensaio a ser entregue ao final da oficina.
Narrativas fantásticas na literatura
O curso se propõe a ser uma iniciação aprofundada aos estudos da literatura fantástica, também chamada de literatura especulativa, com um olhar geral sobre a produção nacional e mundial deste tipo de narrativa que permeia o imaginário humano desde tempos imemoriais. Passamos por conceitos abrangentes de literatura e filosofia, combinando teoria e prática, para o aprendizado deste tipo particular de arte. O módulo está dividido entre ficção científica e fantasia, com quatro encontros dedicados à fantasia e outros quatro à ficção científica, com uma aula de introdução às diferenças entre ambos.
Nos arredores do conto
A disciplina faz um panorama da narrativa moderna, com foco em suas formas breves, como o conto e a novela e apresentando suas características principais e, ainda, contrapondo-a a outras formas literárias, como o drama e a lírica. O curso não pressupõe uma evolução do gênero curto; ao contrário, problematiza as transformações do conto a partir da noção de aventura, de ação narrativa e de sua crise de representação realista. São apresentados textos fundamentais da teoria do conto, com prioridade na produção e nas questões críticas em torno ao conto moderno, em autores como Gustave Flaubert, Herman Melville, Edgar Allan Poe, Anton Tchekhov, Machado de Assis, Virginia Woolf, Franz Kafka, Jorge Luis Borges e Julio Cortazar. Do ponto de vista prático, a disciplina incentiva os alunos a praticarem o conto e seus limites estruturais, na fronteira com gêneros como a novela, o romance e a crônica, exercitando um estilo próprio de narrativa curta. Os alunos entregam dois contos, um durante e outro ao final da disciplina, como avaliação final.
O escritor como professor
O ensino da criação literária é o tema central desta disciplina. Partindo da própria experiência de aprendizagem dos alunos, serão discutidas abordagens metodológicas, o papel do professor como mediador, planos e objetivos de ensino. O curso propõe articular teoria e prática, oferecendo a possibilidade de todos os participantes experimentarem o lugar de professor, além da oportunidade de construírem, em conjunto, um banco de propostas de exercícios de escrita.
Poesia expandida
A oficina propõe pensar o poema como um campo expandido que estabelece os mais variados diálogos com outras práticas, tais como o ensaio, a narrativa, a performance, o cinema, as artes visuais etc. Desse modo, o poema se contaminaria por esses outros ofícios, passando a habitar uma zona de indiscernibilidade formal. Ao longo do curso serão lidos e analisados textos que servirão de base para a produção dos participantes.
Poesia para crianças e jovens
O que é poesia? Quais as diferenças entre a poesia escrita para adultos e a poesia escrita para crianças e jovens? Que recursos de linguagem podem ser utilizados em um poema? A rima é um mero adereço? A métrica regular é necessária? O que é o verso livre? Qual a diferença entre a prosa poética e o poema em prosa? Como abordar temas delicados em um poema infantil? O bom humor é obrigatório? Essas são algumas das questões que, ao longo de nove encontros, serão trabalhadas em sala de aula, a partir de textos de autores clássicos e contemporâneos. Os poemas escritos pelos alunos também serão tema de discussões.
Poesia para prosadores
O estudo da poesia, ao chamar atenção para a necessidade de um trabalho rigoroso com a linguagem em seu nível mais concreto e palpável, é um instrumento importante e eficaz para o aprimoramento da própria escrita em prosa. A oficina terá duas partes que se complementam: a) análise de poemas de autores brasileiros (do modernismo até os dias de hoje); e b) escrita de textos e a posterior discussão, a partir de alguns exercícios produzidos em casa. A oficina está organizada em torno de quatro núcleos temáticos de leitura, dos quais se originam as propostas dos exercícios de escrita: 1. Lirismo e participação; 2. Trabalho com a linguagem; 3. Poemas desentranhados; 4. Entre prosa e poesia. A análise dos textos vai permitir o cotejo de dicções e poéticas diferentes, além da investigação de diversos recursos empregados nos vários níveis (gráfico, sonoro, vocabular, sintático, semântico) que estruturam o poema. São lidos os seguintes autores: Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, José Paulo Paes, João Cabral de Melo Neto, Orides Fontela, Francisco Alvim, Alcides Villaça, Augusto Massi, Rodrigo Naves, Ana Martins Marques, Claudia Abeling, Roy David Frankel.
Pontos de vista da prosa contemporânea
Nesta disciplina, procuramos identificar linhas de força da prosa contemporânea e compreender como alguns dos principais escritores e escritoras em atuação hoje trabalham o posicionamento do autor, narrador e personagens na escrita ficcional e não ficcional. Investigaremos a questão da inter-relação entre o ficcional e o não ficcional, a autoficção e as tensões presentes na prosa do século 21. São lidos oito livros publicados nos primeiros anos deste século.
Quando o conteúdo dita a forma
Esta disciplina busca explorar os conceitos de conteúdo e forma na escrita de ficção e não ficção, focando em como uma obra literária faz com que um e outra ajam em conjunto. Como determinar sobre qual assunto devemos escrever? Como decidir qual a melhor estrutura para dizer aquilo que queremos? Como é o processo de tomada de decisão para cada uma dessas ações? A partir destes e outros questionamentos, trabalhamos com exemplos práticos de ficção e não ficção para entender as inúmeras possibilidades e decisões criativas que podem ser tomadas, mesmo antes de começarmos a escrever. Em paralelo aos exemplos práticos, vemos o que teóricos e estudiosos da literatura têm a nos oferecer sobre o assunto.
Revisando o próprio texto
Com a proposta de trazer ferramentas efetivas para o autor revisar o próprio texto, esse curso discute os principais embates do autor do ponto de vista da construção das frases e da escolha das palavras. Para isso, são discutidos os pontos cegos da escrita, o uso da escrita como ferramenta estética, o exercício do distanciamento crítico e o conceito da língua em movimento.
Tradução Literária
Esta é uma oficina de criação literária. Durante as aulas, pensamos a tradução como algo além do senso comum – do mero ato de levar um texto de uma língua de partida para uma língua de chegada – e a vemos como uma prática de criação e crítica. Fazemos isso com exercícios, oficinas e leituras de breves textos sobre teoria da tradução e sobre o processo tradutório. Como resultado, esperamos estimular as habilidades do aluno não apenas para a tradução, mas também para a leitura, edição, crítica e prática literária autoral.
Temas fraturantes na literatura infantojuvenil
Leitores infantis e juvenis não estão protegidos dos grandes dramas da experiência humana. Suas experiências com os temas ditos fraturantes, contudo, são especiais. Na literatura para crianças e jovens, as histórias de violência, morte e outros assuntos complexos, como abandonos e abusos, são tratadas de maneira peculiar, colocando em movimento conceitos e valores ativos nas estruturas sociais e culturais de nosso tempo.