O mercado literário brasileiro para obras literárias infantojuvenis é um dos mais ricos e diversos do planeta. Todos os anos, mais de 10 mil livros para crianças e jovens são publicados no país. Por meios de políticas de Estado, são adquiridos e entregues a escolas brasileiras cerca de 150 milhões de exemplares de livros infantojuvenis todos os anos. São números expressivos que revelam a maturidade da produção literária voltada às crianças e jovens, assim como o interesse dos leitores e educadores nessa produção.
No entanto, participar desse universo não é tão fácil como os números podem sugerir. Milhares de livros escritos por autores e autoras espalhados pelo país acabam nunca vendo suas versões impressas por editoras de circulação nacional. Em boa parte isso se deve às especificidades do mercado literário. Mas outra boa parte está relacionada ao domínio dos recursos literários necessários para a composição de uma obra para públicos tão específicos.
Escrever para crianças e jovens pede o conhecimento de um público que está em processo de letramento, com diferentes graus de domínio da leitura, e identificação com grupos culturais fluidos. As narrativas destinadas às crianças e jovens leitores exigem de seus autores intimidade com o universo infantil e juvenil, o conhecimento das habilidades de leitura do leitor, seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Crianças pequenas, por exemplo, são introduzidas no universo literário por meio dessas obras, que podem ajudá-las em seus desenvolvimentos. Já o público juvenil, teoricamente mais experiente na leitura e interpretação de textos, tem maior fôlego para narrativas mais extensas e complexas, o que pode aproximar essa literatura da literatura lida por adultos.
Durante os escontros da pós-graduação, os alunos e alunas escritoras exercitam com intensidade a leitura de literatura com o propósito de perceber a arquitetura das obras, como elas dialogam com outros livros e projetos estéticos, e como seus autores e autoras lançam mão de recursos literários para dar acabamento aos seus textos.
Escritores escrevem o tempo todo. Por isso, no curso, os textos dos alunos e alunas são lidos por professores experientes – também escritores ou editores da área – e pelos colegas, numa troca que se intensifica de modo planejado ao longo do curso. Essa produção se dá em oficinas estruturadas para desenvolver procedimentos de escrita diversos, como a concepção de um romance ou novela e planejamento de sua arquitetura, a escrita sintética de um conto mínimo, a posição do narrador e sua relação com os personagens, a perspectiva da narração, o planejamento para um livro ilustrado, entre outros aspectos da construção de uma obra literária.
A somatória dessas experiências vividas resulta em um trabalho final. Os escritores planejam e escrevem uma obra de Literatura Infantil ou Literatura Juvenil, seja uma narrativa longa, uma coletânea de histórias ou uma coletânea de poemas.