Resumo
Começo este ensaio com a apresentação do que acho que se tornou um traço marcante, ou pelo menos uma tendência significativa, na ficção literária inglesa e norte-americana: o notável ressurgimento do aparentemente ultrapassado narrador onisciente. Nas últimas duas décadas, particularmente desde a virada do milênio, vários romancistas importantes e populares escreveram livros em que há todos os elementos formais que comumente associamos à onisciência literária: o narrador heterodiegético que sabe tudo, que se dirige ao leitor diretamente, faz comentários intrusivos sobre os acontecimentos narrados, dá acesso à consciência de uma série de personagens e que, em geral, se faz reconhecer como presença palpável no mundo ficcional.