Deslocar-se, reunir-se, descobrir-se: os movimentos do viajante e suas narrativas

Resumo

Um homem esbofeteia uma criança de colo, forçando-a a entrar no carro, enquanto eu passo pela mesma calçada da ladeira em que eles estão, na volta de uma expedição solitária antes do anoitecer nos arredores do meu hotel em Thimpu, a capital do Butão. O estampido do tapa, o choro da criança, a mão grande sobre a bochecha pequena, a vermelhidão que brota imediatamente nessa bochecha, o homem batendo a porta do carona e dando a volta, o choro abafado dentro do automóvel. Sou a única testemunha do gesto que me congela mas não me impede de continuar caminhando, agora mais rápido, de volta a meu quarto no Phuntsho Pelri, um hotel cercado pelas montanhas do Himalaia.