Resumo
Temos intenção [no romance] de seguir o método dos escritores que professam exibir as revoluções de um país, não de imitar os historiadores árduos e volumosos que, para preservarem a regularidade da série, se consideram obrigados a preencher o máximo de papel com os detalhes dos meses e dos anos nos quais nada de notável acontece, da mesma maneira como tratam as grandes eras, quando as cenas mais importantes foram representadas no palco da humanidade. Histórias assim, na verdade, se parecem muito com os jornais, que sempre têm o mesmo número de palavras, contenham ou não novidades... Nosso propósito nas páginas que se seguem será ater-nos a um método oposto: quando alguma cena extraordinária nos aparecer diante dos olhos, como acreditamos que não será raro, não pouparemos esforços nem papel para expô-la amplamente ao leitor; mas, se anos inteiros passarem sem produzirem nada que mereça atenção, vamos, sem medo de abrir um buraco na história, passar rapidamente para questões mais importantes... (Livro II, capítulo 1).