A ideologia de branqueamento nas imagens do Antigo Egito: Contribuições para práticas de ensino nos anos iniciais.

Sheila Perina de Souza

Resumo


A partir das reflexões a respeito da ideologia de branqueamento presente nas imagens veiculadas sobre o Egito Antigo, este trabalho pretende apresentar contribuições para prática em sala de aula por meio de um relato de prática desenvolvido no segundo ano do ensino fundamental na escola Vera Cruz. Inicialmente discutimos a carga ideológica do branqueamento presente na sociedade brasileira e de modo específico em São Paulo, e suas reverberações na escola contemporânea que apresenta dificuldades em cumprir as prescrições da Lei 11.645. Secundariamente, fundamentados em Diop (2011), Shoaht (2004) e Oliva (2017) buscamos discutir a adesão do Brasil às imagens construídas sobre o Antigo Egito a partir da ideologia de branqueamento. Por fim, apresentamos um relato e uma reflexão de prática em sala de aula com o objetivo de responder a questão feita pelo importante intelectual brasileiro, Abdias do Nascimento (1978): “De que forma, onde e quando a história da África, o desenvolvimento de suas culturas e civilizações, as características do seu povo são ensinadas nas escolas brasileiras?”. Em nossa proposta didática compartilhamos com os alunos o discurso dos egípcios antigos sobre si mesmos, apresentando a informação de que eles se autodenominavam como KMT que significa negros (DIOP, 2011). Ao discutirmos sobre Cleópatra em sala de aula, olhamos para as investigações feitas por egiptólogos que apontam para sua identidade racial mista que difere das representações trazidas no discurso das crianças, influenciada pelo discurso midiático que tem embranquecido essa importante governante egípcia. No ensino da África, optamos por compartilhar constatações científicas feitas por diferentes pesquisadores a fim de apresentar outras narrativas possíveis, que se desvinculem da eurocêntrica. A prática de ensino apresentada é fruto do Projeto Travessias da escola Vera Cruz que tem somado esforços para que as contribuições dos povos africanos e de seus descendentes sejam trabalhados, a partir de uma perspectiva crítica, desde a mais tenra idade.

Palavras-chave


Antigo Egito – Ideologia de Branqueamento – Ensino Fundamental – práticas no ensino de África

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DOI: http://dx.doi.org/10.14212/veras.vol11.n2.ano2021.art498

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