Ficção ou não

José Miguel Wisnik

Resumo


Há muitos anos, li num texto de Roland Barthes — o “Prefácio” a seus Ensaios críticos — que a ficção e a não ficção se decidem no destino que se dá à palavra eu.1 Embora quase en passant, Barthes distinguia os lugares de escrita do ficcionista e do crítico com uma formulação linguístico-estrutural que era ao mesmo tempo cheia de imaginação, e que nunca perdeu em minha memória o interesse e o efeito revelador. Roland Barthes foi para mim, aliás, nos anos de formação, o crítico cujos livros eram aguardados como o eram os discos eletrizantes, as peças de teatro, os romances da vida. Sempre esperei pela oportunidade de puxar de novo o fio daquela sua ideia, e eis que ela se apresenta aqui.

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