Um mergulho na cultura Pataxó |
23 Set 2019 |
![]() No Ensino Médio, a experiência de dialogar com um representante de uma cultura bastante diversa da nossa – a cultura Pataxó – que carrega consigo outra visão da natureza, da sociedade e da vida, foi marcante. Os alunos souberam mais sobre as relações das populações indígenas com o Estado brasileiro, os receios e traumas advindos do contato com os brancos, o exercício não coercitivo do poder de um cacique e as formas de regulação moral sem punição, que vigora naquela sociedade. Para o professor de filosofia José Auri “foi uma experiência deveras estimulante do pensamento e enriquecedora da abertura do nosso narcisismo etnocêntrico para o diálogo com o inteiramente outro, ou quase outro, uma vez que os nossos indígenas são tão brasileiros quanto nós”. Rituais de iniciação, práticas medicinais e uso de ferramentas e armas indígenas também foram temas que permearam o bate-papo. No Verão, o cacique Pataxó se reuniu com as crianças do 3º ano do Fundamental, que não pouparam perguntas para saciar sua curiosidade: “Como é a casa de vocês?”; “Vocês jogam futebol?”; “Tem escola na aldeia?”; “Vocês plantam ou compram os alimentos?”; “Quanto tempo demora para fazer um cocar?”. Tapurumã mostrou instrumentos musicais indígenas e fez uma demonstração do uso da zarabatana, arma utilizada antigamente para caça. Para encerrar o encontro, as crianças vivenciaram um ritual de canto e dança praticado em sua aldeia. O diálogo sobre o universo indígena se estendeu para a Unidade Dona Elisa, onde o convidado participou de uma rica roda de troca com os educadores do G5, 1º e 2º ano. Citando o professor Boaventura de Souza Santos, em uma entrevista ao cantor Caetano Veloso, a coordenadora Angela Fontana lembrou: “Precisamos aprender com esses, que foram desprezados por muito tempo, os vencidos. Dar lugar para a epistemologia do Hemisfério Sul, nos aproximar de culturas que, apesar de pouco conhecidas por vários de nós, nos constituem e ampliam a possibilidade de nos entender e entender ‘os mundos’.” Assim, segundo ela, “vamos alargando nossa escuta e encontrando caminhos, cada vez mais efetivos, para sustentar os processos de aprendizagens vividos na Escola”. Veja, na nossa página do Facebook, alguns momentos do encontro. |