Meus sonhos e pesadelos

Eu sou Daniela Watanabe, mas quase não fui chamada assim…

Antes de eu nascer – quando minha mãe estava grávida – meus pais estavam conversando sobre o nome que iriam me dar. Meu pai queria que eu me chamasse Denise e a minha mãe queria Daniela. A situação estava ficando difícil porque eles não chegavam num acordo, então os meus pais decidiram que o meu irmão ia tomar essa decisão. Entre as opções que eles deram, ele escolheu Daniela, mas as pessoas me conhecem pelo meu apelido, Dani.

Eu nasci com os olhos puxadinhos. Essa característica é uma herança de família, que veio dos meus avós paternos, que imigraram do Japão para o Brasil de navio – onde se conheceram. Meu pai nasceu no Brasil e tem os olhos iguais aos dos meus ancestrais japoneses. Essa característica foi passando de geração em geração, tanto que meu filho também tem os olhos puxados.

Quando eu era pequena, eu tinha medo do escuro – achava que poderia acontecer alguma coisa, algum monstro fosse me pegar, ou até morrer –  e por isso gostava de uma luzinha para dormir. Eu dividia o quarto com meu irmão, mas ele gostava de dormir com tudo apagado – e como ele era mais velho… – era a vontade dele que prevalecia. Então eu fui crescendo e perdendo o medo, até não ter mais medo do escuro.

Na época em que meu tio morreu, eu ainda era muito pequena e não entendia as coisas direito. Eu amava meu tio porque ele era muito bacana, carinhoso, atencioso e brincava comigo. Quando ele morreu eu fiquei muito traumatizada, porque eu nunca tinha perdido ninguém na minha vida. Só mais tarde entendi que a morte era perder – deixar de ver – alguém muito especial, um momento triste da infância.

Adorava brincar de escritório, porque sempre amei canetas, carimbos e outras coisas de papelaria. Eu brincava com minhas amigas e era um momento que eu apreciava muito, não era só dessa brincadeira que eu gostava, todas eram muito legais, inclusive “as brincadeiras de meninos”. Não importava se era em casa, na escola, ou no clube.

 

Nesse clube que eu ia – e ainda vou – é um clube frequentado por japoneses, meus pais e eu somos associados por causa da nossa descendência. Todo sábado eu ficava com minha família. Nós acordávamos cedo, tomávamos café na padaria, depois íamos ao clube e passávamos em uma banca para comprar coisas como figurinhas, balas e chicletes – que não eram consumidas em outros dias – chaveiros e papeis de cartas, adorava comprar a revista “Capricho”. Era um dia muito aguardado por mim, eu me divertia muito.

Lá tem uma brinquedoteca, e quando eu era criança brincava muito ali.  Hoje quando entro, sinto o cheiro do lugar e lembro da minha infância com carinho, dos momentos inesquecíveis que vivi, porque sempre que eu estava com minhas amigas íamos e nos divertíamos por lá. Quando meu filho nasceu comecei a levá-lo nesse mesmo lugar que ia quando criança, com o mesmo carinho e prazer.

Aos seis anos fui ao Chile – minha primeira e única viagem internacional –  com o pessoal do clube. Lembro que estava muito frio, e foi emocionante porque foi a primeira vez que vi neve.

Outro acontecimento que me emocionou muito, foi minha festa surpresa… Sempre pensava como seria se eu tivesse uma festa de 10 anos, mas tinha certeza que minha mãe não deixaria. Pois sempre que pedia, ela negava. Mas não me importei tanto com isso. Quando chegou o dia do meu aniversário, nem imaginava o que aconteceria, tive uma gigante surpresa: uma festa. Fiquei muito feliz e nem acreditei que minha mãe tinha planejado tudo aquilo. Senti que eu era muito especial, muitas pessoas foram até minha casa, até quem eu nem esperava. Tive tudo que sempre sonhei naquele dia.

Um dos convidados presente nessa festa de aniversário era minha avó. Uma pessoa importante na minha vida. Eu amava ir na casa dela, porque fazia umas comidas maravilhosas que eu gostava muito, como: rocambole de carne e bolinho chuva. E toda vez que eu vejo, sinto o cheiro ou degusto esses tipos de comida, eu me lembro dela.

Certo dia fiquei doente, então por ordem médica eu tomei remédios para melhorar. Tive um grande azar: acabei com uma péssima alergia medicamentosa, cheguei a ficar internada no hospital e os médicos disseram que era possível falecer. Essa alergia foi muito forte, mas graças a Deus estou viva até hoje. Quando os médicos me disseram isso fiquei paralisada! Fiquei com muito medo, não era minha hora ainda, era tão jovem, tinha muito para viver.

Na escola eu não era uma das melhores alunas, ia bem na maioria das matérias, tirava nota alta. O problema era que eu conversava bastante com minhas amigas na hora da aula e por conta disso não me dedicava muito. Pelo que eu me lembro, nunca tirei nota baixa.

Ainda na minha infância eu era palmeirense – por influência do meu pai que também era – mas o meu irmão era corintiano. Nos jogos eles torciam e gritavam, cada um para seu time. Quando eu casei, virei corintiana porque meu marido era torcedor fanático do Timão. Então eu virei a casaca. Na hora meu pai ficou muito triste, mas depois ele superou.

Uma das maiores vergonhas que passei aconteceu na festa do meu irmão. Eu estava com um vestido longo e usava um sapato de salto alto da minha mãe. Nunca tinha andado com um desses, então minha mãe aconselhou para que eu não fosse com esse calçado. Fui teimosa e insisti. Na festa, quando desci a escada, tropecei no vestido e cai na frente de todo mundo. Foi um micão daqueles! Eu fiquei com muita vergonha, queria sumir dali. Fiquei um bom tempo sem sair de casa, com receio de que as pessoas zombassem de mim.

Quando eu era adolescente eu estava na piscina do prédio que morava com todos os meus amigos. Eu estava com um maiô de crochê. Então ele soltou um fiozinho e meu irmão – curioso que é – começou a puxar, puxar e puxar e o maiô se desfez inteiro. Fiquei nua! Na frente de todo mundo! Não sabia se pulava na água ou corria para o elevador. Por sorte, minha amiga chegou com uma toalha, corri até lá e rapidamente ela me cobriu. Mais uma vez fiquei morrendo de vergonha.

Uma outra situação inesperada – já mais velha – foi quando estava trabalhando em uma escola e um de meus alunos estava sentindo-se mal, então cheguei perto dele e perguntei se ele estava bem. De repente… Ele vomitou! Em mim! Confesso que ficar toda suja não foi a melhor situação da minha vida de professora, fiquei morrendo de nojo. Tive que ir até minha casa, tomar banho, por outra roupa e voltar para a escola.

Quando fui ser professora na escola Hugo Sarmento, minha primeira parceira de trabalho foi a Sheila. Ela me acolheu muito bem, foi uma das minhas melhores companheiras de trabalho de toda a vida. Ao entrar na classe, Sheila já foi falando meu nome, me apresentando de um jeito tão natural que nem parecia que eu era novata, parecia que já me conhecia de longa data. Senti um amparo tão grande que era como se não fosse meu primeiro dia. Desde então nós somos grandes amigas.

Uma das coisas mais marcantes da minha vida, foi o nascimento do Lucas – meu filho. Eu fiquei muito feliz de saber que eu iria ser mãe. Para isso, eu tive que dar um tempo no trabalho para dar mais atenção e cuidado a ele. Hoje em dia ele tem 11 anos e está no 6º ano.  Ser mãe foi, e ainda é, uma experiencia incrível, muito boa, a melhor da minha vida.

Quando decidi voltar a trabalhar, a Escola Vera Cruz foi um dos lugares que mandei meu currículo. A minha chegada no meio do trimestre foi uma surpresa. Uma professora do 4° ano saiu e surgiu uma vaga. Fiquei muito feliz com a oportunidade. A primeira pessoa a me receber foi a Vivi, professora também do 4° ano. Ela me recepcionou muito bem, já queria se aproximar de mim, parecia que já era minha amiga e até hoje somos muito próximas.

 

Aqui no Vera aconteceu uma situação que me emocionou. Meus alunos estavam batendo bafo – uma forma de jogo com cartas colecionáveis ou figurinhas, em que, quem vira as cartas do adversário, fica com elas – os dois tinham apostado suas melhores cartas. O aluno que perdeu ficou arrasado. Um colega que observava percebeu que seu amigo estava decepcionado e então deu sua melhor carta para deixá-lo feliz. Na hora que eu vi isso, fiquei emocionada e orgulhosa com o gesto de amizade entre eles.

Muitas histórias construíram essa memória, outras virão! Mas essas, outros alunos contarão!

6 Comentários

  1. Carmem

    Adorei as memórias da Dani!suas histórias foram contadas de um modo todo especial.

  2. Carmem

    Adorei as memórias da Dani!Suas histórias foram contadas de um modo todo especial.Que venham mais.

  3. Mia Maresca

    Achei muito legal como o 5B contou a história é o melhor 5B do mundoooo.

  4. Luiza Nery

    que legal! é o melhor 5B do mundoooooooooooooo. Nunca vou me esquecer dessa sala MARAVILHOSA. Te amo Dani. TE AMO 5B

  5. Mia Maresca

    o 5B é demais ótima historiaaa parabéns. Amei kler isto recomendo para você rir e se divertir

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