Minhas memórias

Hannah Svartz

Meu nome é Yoram Shvartz, nasci no dia 26 de junho de 1961, numa pequena cidade de Israel, chamada “Kiriat Gat”. Morava em um apartamento com meus dois irmãos e meu pai, e – por bem pouco tempo – minha mãe.

Quando eu tinha oito meses minha mãe morreu, no dia 12 de fevereiro, não entendia muito porque só tinha alguns meses e só depois de um tempão entendi e fiquei muito triste. Pouco tempo depois, meu pai se casou com uma madrasta muito chata, eu queria muito que minha mãe estivesse viva até hoje para que minha vida não fosse tão chata na minha infância.

Tenho quatro irmãos, dois irmãos mais velhos se chamam Moshe e Cohava, com a morte da minha mãe fiquei bem triste, mas como meu pai se casou novamente, teve mais dois filhos, Tzvia e Itzhak. Eu adorava brincar com eles e quase nunca brigávamos porque eu gostava muito deles.

Minha madrasta nunca gostou de mim, ela tinha um filho da minha idade e sempre fazia diferença entre nós. Uma vez ela jogou um cinzeiro na minha direção e acertou em cheio minha testa. Ela sempre ficava brava comigo só porque não gostava de mim.

Lembro que uma vez até ficou presa por ter me agredido.

Eu morava em um apartamento, numa cidade pequena de Israel, e a maior parte do tempo ficava

brincando na rua, quando não estava trabalhando no restaurante do meu pai. Adorava brincar na rua, tinha muitos amigos. Também assim, ficava longe da minha madrasta chata.

No período que eu não estava trabalhando com meu pai, estava na escola. Um dia, a professora estava nos ensinando a pronuncia das letras e quando chegou na letra “Reish” fui o único a falar errado e todos riram de mim. Fiquei muito envergonhado.

Adoro futebol desde pequeno, às vezes fugia da escola para ir ao jogo de futebol em Jerusalém, para ver meu time favorito ‘Beitar Jerusalém”. Sempre assisto futebol na tevê e algumas vezes no estádio. Me lembro de colecionar o álbum da copa de 1970, que nem vocês fazem hoje, e eu amava colecionar os álbuns da copa.

Aos doze anos, meu pai me levou para morar em um Kibbutz – que é um lugar comunitário onde as pessoas trabalham para viver – no sul de Israel, lá eles aceitavam crianças. Fui para uma nova escola e conheci novos amigos para a vida toda. Meus dois irmãos mais velhos já moravam em outro Kibbutz, onde moram até hoje. Aos finais de semana meu pai me visitava, e às vezes eu que visitava meus irmãos – e visito até hoje. No Kibbutz aprendi a trabalhar na terra com trator, tirar leite da vaca e também a trabalhar na cozinha.

Falando em cozinha, minhas comidas preferidas são, e sempre serão, “falafel” e ‘’shunt’’, que são pratos típicos de Israel. O Shunt é como se fosse a feijoada brasileira, mas feito com uma mistura de feijões, carne e batatas.

Algumas vezes, hoje em dia, vou comer “falafel´´ com minha filha e fico muito feliz de passar esses momentos com ela.

Aos 18 anos fui para o exército de Israel e fui selecionado para o Fronte que são soldados que vão na frente do tanque, no caso de guerra. No começo fiquei com medo, mas depois criei coragem. Logo quando terminei o exército começou a guerra do Líbano de 1982, por isso voltei para o país, pois estava em guerra. Então servi mais três meses, e infelizmente lá, perdi muitos amigos, me senti triste e aliviado ao mesmo tempo, porque apesar de ter perdido meus amigos sobrevivi a guerra.

Meu pai faleceu aos 64 anos, eu e meus irmãos ficamos bem tristes, eu já havia terminado o exército e trabalhava em Londres, portanto não pude comparecer ao seu enterro. Mas, em troca, todos os anos eu visito o cemitério e o túmulo da minha verdadeira mãe e do meu pai, acendo uma vela e faço uma oração. Infelizmente minha madrasta vive até hoje.

Comecei trabalhar bem cedo, como viram, no restaurante do meu pai, depois no Kibbutz, quando aprendi a trabalhar no trator, nas terras e amava aquele trabalho, foi meu preferido. Depois do exército fui para Londres trabalhar em construção, foram tempos difíceis… De volta à Israel, fui chamado para trabalhar no aeroporto de Israel e de lá fui convidado para trabalhar de guarda costas de uma família muito importante que morava no sul da França. Foi esta mesma família que me trouxe para o Brasil, e após alguns anos, pude abrir minha própria empresa de segurança.

Casei aos 43 anos com minha mulher chamada Shaska e logo tivemos dois filhos. Toda vez que conseguimos viajar sem as crianças chamamos de “Lua de mel”. Tivemos quatro luas de mel, em Buenos Aires -Argentina, Santiago – Chile, Lima – Peru e Nice – França. Hoje temos mais uma filha e ficou mais difícil viajar sozinho com minha esposa, mas no ano passado tivemos uma breve lua de mel em Budapeste -Hungria e eu amei. Toda vez que a gente viaja, trazemos presentes para as crianças.

Quando fui fazer o documento dos meus dois filhos mais velhos filhos eu errei o sobrenome e ficou Svartz em vez de Shvartz.

Esse foi o fim de uma parte das minhas memórias.

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