Tudo começou com uma menina que sonhava em crescer e se tornar professora. Assim minha história se inicia numa época bem diferente da que vivemos hoje em dia.
O bairro da Vila Madalena, onde nasci, em São Paulo, era um lugar muito tranquilo aonde as crianças brincavam na rua sem perigo algum, imagina se, hoje, isso é possível!
Eu adorava brincar de mãe da rua, passa anel, pega-pega, amarelinha, esconde-esconde, entre outras brincadeiras de crianças de verdade.
Tive uma infância bem simples, mas meu pai trabalhou muito e por isso, nunca faltou nada em casa. Minha família foi sempre unida. Éramos em oito pessoas- meus pais, quatro irmãos, uma irmã e eu- e todos, apesar das dificuldades, éramos muito feliz.
Estudava na escola estadual Brasílio Machado e, na época, o meu sonho e o de muitas meninas do meu bairro era ser professora- um trabalho muito desejado pelas mulheres da época.
Aos meus 14 anos, parei de estudar para trabalhar em um laboratório de produtos químicos farmacêuticos porque minha família passava por necessidades financeiras. Tinha a função de analista química, não gostava do que fazia, porém, essa era minha única opção.
Outros tempos… época que me casei e tive meus quatro filhos e aí, para cuidar deles e da casa, fiquei 16 anos sem trabalhar, mas infelizmente, fiquei viúva e com quatro crianças pequenas. Nesse momento, tive que voltar a pensar num trabalho, afinal tinha que sustentá-los.
Com pouca preparação, a única opção foi trabalhar na banca de jornal de meu pai. Na época que montou, em 1967, além de ser um bom negócio, pensou também em meu irmão, pois era paraplégico e com essa atividade, era possível ajudá-lo.
Anos difíceis, de muito trabalho e também de conquistas com muita determinação. Porém nem tudo foi bom durante “essa jornada”. Entre os anos de 2010 e 2012, muita coisa me abalou. Morte é uma coisa triste, principalmente, quando isso acontece com nossos familiares. E nesses dois anos perdi as pessoas mais queridas da minha vida, uma irmã — minha melhor amiga- e três dos quatro irmãos homens.
Trabalho aqui nessa banca há 26 anos e gosto muito do que faço por causa das crianças, que aqui frequentam. Sinto-me muito a vontade. ”Às vezes, fico brava, mas logo passa”. São elas que, mesmo tendo muita vontade de parar de trabalhar por já estar aposentada, me impedem de fazer isso. Talvez pelo meu sonho de adolescência que quando ficava com crianças mais novas, só de explicar alguma coisa, achava que estava ensinando. Além disso, esse é o bairro que nasci e adoro, mas moro na Vila Sonia, onde consegui comprar a casa própria. Os imóveis na vila Madalena ficaram muito caros.
Tenho quatro filhos e a maior preocupação é com o futuro deles que estão iniciando suas famílias. Pensando no futuro gostaria de ficar mais sossegada para poder aproveitar a minha vida.
Nunca viajei para fora do país, mas passeio nos finais de semana. Meu desejo é que o Brasil saia dessa crise e que todos os brasileiros sejam mais felizes, falo isso de coração mesmo!
Hoje, mesmo não sendo professora, posso dizer que ensino – não só às crianças, mas também aos adultos- através das revistas, jornais, gibis e outros. Afinal, sou uma jornaleira que vende sonhos escritos em papel. E a melhor parte é que posso passar um tempo com as crianças!
3 Comentários
Teo machado
31 de janeiro de 2018em 12:15muito bom até me emocionei com esse texto quem escreveu foi muito bem escrito adorei muito bem
Gabriela Menezes Gontijo
31 de janeiro de 2018em 12:28*Que lindo,não sei se choro ou sorrio!!!!!!!!!!!
Gabriela Menezes Gontijo
31 de janeiro de 2018em 12:29*Que lindo,não sei se choro ou sorrio!!!!!!!!!!!
adorei saber um pouco mais sobre a Inês