Sou Cristiana Achcar. Nasci no dia 1º de janeiro de 1978. Meu nascimento estava previsto para meados de fevereiro, mas minha mãe havia comido uma refeição pesada no almoço do ano novo e a bolsa estourou enquanto ela caminhava. Nasci antes da hora com apenas 8 meses de gestação. Uma parte da minha artéria aorta era fina e frágil. Já com 7 meses de vida, precisei passar por uma operação muito delicada e tive que cortar esta parte estreita da artéria e juntar com a outra. Depois desta cirurgia, tive uma infância saudável e feliz.
Meus avós paternos eram imigrantes. Meu avô era sírio e minha avó, libanesa. Como os dois vieram de países distantes, tinham sobrenomes estrangeiros e isso deu origem ao sobrenome Achcar.
Sempre gostei de pintar, desenhar e também adorava animais. Na infância, tive muitos bichos de estimação, mas poucos vi morrer, somente um cachorro e um hamster.
No sítio de meus pais, eu gostava de fingir ser professora e dava aula para uma turma especial, forma por meus bichinhos de pelúcia e animais de criação – cachorros, coelhos, gatos. No prédio onde morava, também juntava as crianças e dava aula para elas. Graças a essas brincadeiras, quando me tornei adulta, decidi ser professora.
Hoje em dia, o que mais gosto de ver é crianças aprendendo, se divertindo, interessados no que eu digo e prestando muita atenção. Como todas as coisas boas também têm seu lado ruim, o que me deixa muito triste é o desrespeito, principalmente, quando os alunos interrompem minha aula e falam enquanto estou explicando alguma matéria ou coisas importantes.
Apesar de ser professora, em minha infância também quis ser bailarina. Fiz curso de ballet na adolescência, porém desisti da dança. Hoje em dia quando vou a uma apresentação de ballet, me sinto arrependida por não ter continuado, por isso ainda quero voltar a fazer esse curso.
Minha infância era boa, tranquila e feliz até que um dia, quando tinha apenas com dez anos, aconteceu uma terrível desventura. Uma verdadeira desilusão. Meu querido e amado primo, que tinha apenas sete anos, pegou uma doença muito grave, lutou como pôde, mas no final não conseguiu suportar. Alguns dias depois, soube que, infelizmente, meu pequeno primo havia falecido. Me senti triste e fiquei muito chocada. Não queria acreditar, pois foi a primeira morte que presenciei em minha ainda curta vida.
Sempre fui muito certinha e fica até difícil me lembrar de alguma travessura. Deixem-me pensar… Ah, teve uma sim. Na escola, havia um menino que irritava todos. Um dia meus colegas e eu decidimos que iríamos fazer uma pegadinha com ele. Colocamos um balde de água fria em cima da porta. Quando o menino entrou na sala, a água do balde caiu em cima dele e ele ficou todo molhado.
Outra travessura foi quando eu já era mais velha. Ficava de babá do irmão caçula de uma amiga, que precisava de dinheiro para visitar o namorado – que morava no Rio de Janeiro. Quando a mãe da minha amiga me pagava pelo trabalho de babá, eu dava esse dinheiro para minha amiga visitá-lo, como se fosse um caixa 2. No fim, era a mãe que pagava a passagem da filha para o Rio.
Entre 19 e 20 anos viajei com algumas amigas e minha irmã para o sul da Europa, passando pela Espanha, França e Itália. Fizemos essa viagem de mochilão, que é uma viagem em que se leva poucas coisas, junto com um saco de dormir e uma barraca em uma mochila nas costas. Encontrou coisas diferentes e tive oportunidade de fazer novas amizades com estrangeiros e conhecer outras maravilhas do mundo. Aprendi novas línguas, conheci novas culturas e tive experiências inesquecíveis, como diriam por lá: inolvidable, ou inoubliable e indimenticabile.
Depois de algum tempo, resolvi fazer natação. Meu professor se chamava Marcos e era um homem muito forte, em forma e bonito. Desde as primeiras aulas nos interessamos um pelo outro. Não sabia que Marcos estava gostando de mim. Ele também não sabia que eu estava gostando dele.
Eu já estava nadando bem, mas me esforçava cada vez mais para impressionar Marcos. Depois de um tempo, finalmente começamos a namorar. Nos casamos, e aos 28 anos, engravidei. A princípio, tive um pouco de medo, mas depois, fiquei muito feliz, pois finalmente ia ser mãe. Sempre adorei crianças e meu sonho era cuidar de uma. No dia 26 de abril, nasceu meu filho Pedro.
Quando era pequena adorava carne, mas também amava os animais. Conforme fui crescendo, fui ficando mais amorosa pelos bichos e fiquei com dó de consumi-los. Mais tarde, virei vegetariana e, em seguida, vegana – que é mais forte ainda, pois o vegano não come nada de origem animal como ovo, leite, manteiga, queijo, chocolate e etc. Recentemente, voltei a ser vegetariana. Para mim, é como uma filosofia de vida. Tenho até um ímã de geladeira que diz: “Se você ama uns, por que come outros?”.
Quando Pedro tinha 3 anos, me separei de Marcos. Hoje, minha vida é muito boa, alegre, divertida. Quero voltar a dançar e ainda viajar com meu filho – que já está com 10 anos – para lugares incríveis. Minha vida não foi um conto de fadas – foi muito melhor.
Deixe seus comentários