Sempre fui uma menina muito brincalhona, nasci em São Paulo, no dia 25 de março de 1965. Na rua, divertia-me com meus vizinhos brincando de beijo, abraço ou aperto de mão, mamãe e filhinha, pega-pega e balança caixão, porque naquele tempo ainda era seguro brincar nas ruas da nossa cidade. Brincava também dentro de casa com meus quatro irmãos; era a segunda mais velha entre as crianças de casa. Tive grandes amigos na infância: Túlio, Flávio, Mara, Júlio, Sandra e Márcia. Alguns deles encontro até hoje nos meus momentos de lazer.
Entrei na escola Casa de Infância do Menino Jesus com seis anos e com sete já sabia ler e escrever. Era um colégio montessoriano , de freiras, com métodos diferentes de estudar, havia alunos internos e externos e me lembro muito bem de um aluno chamado Porfiro, que jogava pedrinhas em mim, caçoava chamando-me de feia quando fiquei banguela.
Na minha vida tive dois professores que me marcaram muito: na infância foi a Tia Marli, que me ensinou a ler e a escrever, e do sexto ao nono ano foi o professor José Carlos de Língua Portuguesa, que era muito exigente e me deixou de recuperação em todos os anos. Esse professor trabalhava com crônicas e teatro e me elogiava, dizendo que poderia ser atriz porque eu me expressava bem. Hoje eu o agradeço porque aprendi muito durante suas aulas.Nesse tempo, já queria ser professora ou médica pediatra, porque gostava muito de ajudar as crianças, mesmo sendo uma delas. Em casa eu gostava de ajudar meus irmãos, principalmente minha irmã menor.
Em todas as férias, eu e minha família, nos divertíamos na casa de praia da minha avó, em Mongaguá, no litoral Sul. Tinha muita vontade de ter um patins e um dia pedi para meu avô que tinha uma fábrica de fornos duas tábuas de madeira do tamanho dos meus pés e vários elásticos. Estava ansiosa para experimentar meu novo brinquedo. Fui tomar banho com minha irmã e comecei a patinar pelo banheiro. Estava tudo bem até que escorreguei no piso liso e caí de testa na pia. Senti muita dor, saiu muito sangue e sim, tinha aberto a minha testa. Minha irmã ficou apavorada, saiu correndo e chamou meus avós, fui para o pronto socorro e levei dez pontos. Imagine você se divertindo, e tem a brilhante ideia de criar uma nova brincadeira e acontece o inesperado: um curativo grande e vergonhoso na testa, que me incomodou por semanas, justo nas férias! Nunca mais fiz uma traquinagem tão grande, mas acidentes fazem parte da infância!
Lembro-me bem da minha primeira paixão aos oito anos. Era um amor platônico. Nós apenas nos olhávamos. Eu estava no terceiro ano e ele no quarto, era amigo do meu irmão. Minha família às vezes fazia festas e eu gostava muito. Em um desses bailes, nós dançamos juntos e durante uma música lenta ele apoiou sua testa na minha e foi assim que me apaixonei dos oito aos quatorze anos.
Na minha adolescência não era rebelde, muito pelo contrário, bastante sensível e sofria muito com relacionamentos.
Era popular na escola, e também generosa porque brincava sempre com meninos e meninas, tinha amizade com pessoas dos outros grupos, ajudando quem não tinha com quem conversar.
Comecei a ajudar minha mãe na cozinha, tirava os pratos da mesa e arrumava as camas. Meus pais nunca precisaram me mandar estudar porque era estudiosa, boa aluna e organizada. Pensavam muito na educação dos filhos, compravam raramente roupas e sapatos. Minha família investia muitos em livros.
Mudei de opinião sobre o que eu queria ser, não queria mais ser médica pediatra, até pensei em ser atriz por incentivo do meu professor, fiz vestibular e passei em relações públicas. Parei após seis meses e fiz um novo vestibular para pedagogia. Como havia feito magistério, pude trabalhar com crianças pequenas e assim aos 18 anos, me tornei babá durante um curto período de tempo para ganhar meu próprio dinheiro.
Com 19 anos fui trabalhar num banco como escriturária e com o salário que recebia planejava minhas viagens.Poucos amigos tinham dinheiro para me acompanhar, pois eu era uma das únicas que tinha um emprego.
Adorava festas, minha família era muito festeira, quase todos os fins de semana tinha festa em casa, porque meu pai não gostava que fossemos em discoteca. Quando íamos, minha mãe logo na entrada via que tinha luz negra e me perguntava se eu gostaria mesmo de ficar e como era medrosa decidia voltar para casa. Assim perdia muitas festas com amigos divertidos. Gostei muito da minha adolescência, sofria muito quando me apaixonava e não era correspondida.
Nunca morei sozinha antes de casar, só sai de casa quando casei com Ricardo que é meu marido até hoje. Ricardo não foi meu primeiro namorado, mas foi o meu grande amor. Namoramos cinco anos e foi o único que me pediu em namoro. Eu me casei com vinte e nove anos Tive uma filha, Natasha, aos trinta e cinco anos e meu filho, Ricardo, com quarenta anos. Meu marido escolheu Natasha e logo achei o nome diferente, foi quando meu marido me disse que esse era um nome feminino muito forte. Depois de um tempo fui me acostumando e quando ela nasceu percebi que ele estava certo. Natasha era realmente uma menina muito forte e corajosa. Eles são minha grande alegria porque sempre quis ter filhos.
A primeira escola que trabalhei chama-se Carandá, dei aula durante três anos lá Era uma escola muito interessante e eles compravam os materiais de Matemática do Vera Cruz, eu gostava muito do método e fiquei interessada pelo projeto. Mandei meu currículo e participei da seleção para estagiária. Fui contratada como auxiliar de classe e depois como professora. Iniciei o trabalho na biblioteca há dois anos atrás, porque me apaixonei pelos livros a partir dos 17 anos. Fui estudar Literatura e quando a Marta saiu, fui convidada a dar aulas na biblioteca e aceitei rapidamente.
Hoje em dia, planejo as aulas pensando em livros de assuntos diferentes, leio primeiro na minha casa e se gostei e achei apropriado leio ou indico para meus alunos.
Senti-me muito feliz e emocionada por ter sido escolhida pelos alunos do 5 F . O projeto de memórias era familiar porque ajudei a criar as atividades e também trabalhei com essa sequência de aulas na minha última classe.
2 Comentários
Katia Frazao
1 de junho de 2017em 16:04Trabalho muito significativo para os alunos do 5 F e para as professoras. Ficamos mais próximos da nossa querida Laura,quando ela generosamente compartilhou suas histórias.
LUISA
14 de março de 2018em 23:25Oi Laura é a Luisa adorei o texto.Você sempre vai sempre ter um lugar nas minhas memórias e no meu coração ! 🙂