Viviam Ferreira Penteado, mais conhecida como Vivi, foi nossa professora do terceiro ano, uma das melhores que tivemos. Ela diz que tem 120 anos, mas ninguém consegue descobrir sua verdadeira idade.
Vivi morou por muito tempo em uma casa grande e bem espaçosa com seus pais, irmãos, cachorro e outros animais. Era lá que ela vivia aventuras e teve grandes experiências, entre elas, algumas que contaremos aqui.
Até seus 10 anos, dividia o quarto com seus dois irmãos – um mais novo e outro mais velho – então, na hora de dormir, era uma bagunça… eles brigavam e brincavam muito.
Mas Vivi também gostava de ficar sozinha. Na sua casa tinha um porão que era como seu “esconderijo secreto”, um lugar com objetos dela e coisas pouco usadas pela família. Uma caixa em que deixava seus brinquedos mais importantes e seus objetos de pintar. Havia tudo que tem numa casa de verdade: fogão velho, panela, mesa, cadeira etc. Lá, brincava de casinha e também gostava de se esconder dos irmãos embaixo de uma cama velha e ninguém a achava. Ninguém mesmo!
Neste porão, brincava de ser professora e seu aluno era o seu cachorro, um pastor belga preto e enorme – parecia um urso – que se chamava Argos. Ele tinha que ficar sentadinho, comportado, ouvindo a Vivi, prestando atenção à aula, com cara de bom aluno e postura de estudante. Imagina só?
A rua em que morava era cheia de meninos. Mesmo sendo a única menina, era líder – a “chefona”, a “rainha dos moleques” – e brincava de pega-pega, de pião de madeira, de esconde-esconde – à noite – de taco, de bolinha de gude, casinha de boneca, cabana na árvore e várias outras brincadeiras divertidas.
Ela começou a estudar aos três anos, em uma escola que seguia a cultura e a ética japonesas. O uniforme era todo branco e havia um pátio de terra vermelha onde ela brincava. E no que dava? Vocês devem saber! Ela voltava para casa com a roupa toda vermelha, principalmente nos dias de Educação Física.
Na primeira série, os alunos tinham a opção de escolher se queriam ou não fazer aulas de japonês. Ela decidiu participar, mas somente quando a professora ensinava origami.
Mais velha, começou a fazer uma aula chamada “Corte e Costura” que ia só até a sétima série. E isso a deixou bem triste porque era um momento que adorava – tanto que ao longo de sua vida fez muitas artes manuais. E sua mãe desejava que ela fosse artista plástica porque a família já era cheia de professoras.
Viviam viveu um momento inesquecível na sua adolescência! Ela temia dormir fora de casa – não dormia nem mesmo na casa dos parentes. Chorava e o pai tinha que buscá-la. Um belo dia, decidiu que ia tomar coragem para dormir fora. A primeira vez foi aos doze anos: ela dormiu a noite toda na casa dos avós!
Mais tarde, aos quinze, foi viajar sozinha com os amigos para um acampamento que ela curtiu e que a marcou muito porque não era um acampamento desses que a gente conhece – em que se dorme em chalés, com banheiros, monitores, refeitório e outros luxos. Esse era diferente. Era na mata, tinha uma cachoeira e eles tinham que montar suas próprias barracas, fazer a fogueira para se aquecer, preparar o alimento, lavar a louça. Era tudo na raça!
Quando era adolescente fez a faculdade de desenho industrial na cidade de Bauru, a cinco horas de São Paulo – algo surpreendente para alguém que mal dormia fora de casa. Apesar de ter se formado e trabalhado nesta área, o que ela gostava mesmo era de ajudar na escola onde sua mãe trabalhava como coordenadora. Observando isso, sua mãe disse: “Se quiser ficar vindo aqui, faça faculdade de pedagogia”.
E foi o que ela fez.
Ouviu seu desejo de pequena, quando brincava de ser professora, as mensagens de seus colegas, dizendo “Você sempre será nossa segunda professora” e o conselho de sua mãe. Formou-se e agora aqui estamos no 5º ano e ela dando aula para o 4º ano. Nossa relação ficou mais forte, com amizade e muitas histórias para contar.
Obrigada, Vivi.
Você sempre será nossa segunda professora.
5 Comentários
nanda 5 B
26 de junho de 2016em 23:20Que legal
Élide Vellardi
27 de junho de 2016em 21:26Eu amei o texto
Juliana
28 de junho de 2016em 18:55Seus comentários *Nossa, que emocionante ouvir as memórias da Vivi contada por vocês, que foram seus alunos e gostam tanto dela!! Parabéns a todos vocês, o texto está fluído, interessante, bem escrito!
nanda
13 de março de 2018em 23:24ameiiii super bem escrito e planejado! beijo Vivi
Gabriela Menezes 5-e
4 de abril de 2018em 11:45d+ o texto e a historia parabéns 5-e de 2016