Como muitos, Ademilson foi um menino que gostava de brincar. Como poucos, é um adulto que brinca até hoje. Como muitos, começou cedo a trabalhar. Como poucos, tem a chance de trabalhar onde convive alegremente com crianças todos os dias.
Foi no Embu que suas aventuras começaram e continuam até hoje. A primeira escola em que estudou foi o “Barracão”, nome dado ao espaço onde tinham aula, um lugar quente e pequeno. Como ninguém conseguia ficar lá por muito tempo, todos iam ao lago para se refrescar e até nadar. Depois a professora dava aula em cima das pedras que havia ao redor.
A infância de Ademilson foi legal e divertida, teve muitas brincadeiras com amigos inesquecíveis: Kiko, Joca, Lino, Roberto e Eduardo, seu primo, grande amigo e inseparável. Brincavam na rua de peão, esconde-esconde, pega-pega, empinar pipa entre muitas outras brincadeiras de rua. Várias vezes, ele e seus amigos, pediam uma bicicleta emprestada para dar uma voltinha e sumiam o dia inteiro. Geralmente iam para um clube local chamado “Danúbio Azul”. Pulavam o muro alto de trás da entrada e brincavam na piscina até escurecer, sem que ninguém desse conta que eles não eram sócios. Ao chegar em casa, sua mãe estava esperando de braços cruzados, furiosa!
Aos sete anos começou a construir carrinhos de rolimã, brincadeira que virou uma paixão. Seu querido tio Miguel trabalhava como fiscal de ônibus. Ademilson e seus amigos conseguiam entrar na garagem, pegar o material necessário e com a ajuda desse tio construíam vários carrinhos bem velozes “Era uma farra descer de carrinho de rolimã, junto com a turma, as ladeiras onde eu morava” relembra da época, com muita alegria. Ele e seu primo empurravam o carrinho com as mãos para dar impulso. Eram tantas vezes seguidas que chegavam a desgastar as unhas. Em uma dessas vezes, Eduardo foi lavar as mãos e percebeu que havia perdido quatro unhas!
Uma das lembranças mais marcantes da vida de Ademilson foram os alegres natais e festas de ano novo no sítio de seus avós, com toda sua família. Ele encontrava tios e primos que muitas vezes nem conhecia. Os adultos faziam comidas, jogavam cartas e nem dormiam. As crianças se divertiam no quintal e à noite contavam arrepiantes histórias de terror. Gostava de sentir aquele medinho de mistérios.
Quando era adolescente, Ademilson passou a estudar na escola Paulo Chagas onde viveu mais uma de suas inesquecíveis brincadeiras. Ele e seus novos amigos fantasiaram uma garota com peruca loira, vestido longo e maquiagem. As pessoas que entravam no banheiro levavam um baita susto, da tão temida e assustadora “Loira do Banheiro”. A confusão ficou tamanha que quase foram expulsos da escola.
A lembrança mais feliz de sua vida foi o nascimento de seus filhos. Mesmo sendo proibido na maternidade em que sua mulher foi, conseguiu assistir aos três partos. Agora Ademilson comemora a chegada de seu primeiro neto! E a lembrança mais triste de sua vida foi a morte de sua avó querida “Ela era como uma segunda mãe porque era boa e morou em casa por muitos anos” contou Ademilson.
Em 2001, largou o antigo emprego e passou a trabalhar na escola Vera Cruz. Ele considera esse o melhor trabalho que já teve e que poderia ter. O convívio com as crianças, além de ser divertido, traz para ele boas lembranças de infância.
Ademilson se sente uma pessoa de muita sorte e de muita riqueza. Mas não uma riqueza qualquer e sim uma riqueza de memória. Ele contou que na maior parte de sua vida viveu feliz. E isso, dá para ver quando o encontramos, todos os dias.
Para nós, do 5º ano D, ele não é só aquele homem grande e sempre sorridente que ajuda o pessoal a atravessar a rua em segurança. Ademilson, como muitos, é um funcionário de uma escola. Como poucos, é uma pessoa muito especial, de coração grande e cheio de experiências boas de conhecer. Queremos agradecer sua contribuição para nosso projeto de escrita e por ter compartilhado suas ricas memórias brincantes. “Ademilson elas ficarão em nossas memórias também”.
8 Comentários
japs
21 de junho de 2016em 20:05melhor texto do mundo 🙂 :):)
japs
21 de junho de 2016em 20:05amei
japs
21 de junho de 2016em 20:11a lenda de ademilson
Julia e Rafaela
21 de junho de 2016em 20:14Amei! Perfeito
Isadora e Roberta
21 de junho de 2016em 20:15Nós adoramos esse texto, porque nós gostamos de saber da historia do nosso amigo, funcionário, Ademilsom. adoramos o texto e você!!!
matteo
24 de agosto de 2016em 18:14esse texto é muito bom
Robinson
3 de novembro de 2016em 16:54lenda viva
Marcella da Mota Carnassale
31 de março de 2017em 14:16Gostei muito de conhecer um pouco mais da vida de Ademilson, ele é uma pessoa muito especial para nós alunos do Vera Cruz. Sempre cuidadoso e atencioso para ajudar as crianças na travessia da rua e para se despedir na hora da saída com um belo sorriso no rosto.
Obrigada por ser nosso amigo!
Parabéns aos alunos que escreveram o texto, está muito bom!
Marcella