Mariana Cercato Halpern
Curitibana, bem-humorada, mãe, avó, tia e aposentada, Esther tem dentro de si uma galeria, uma galeria de memórias. Entre tantos episódios e comoções, ela mostra como passá-los. Bola pra frente, vamos lá!
Curitiba em 1940 era uma cidade pacata e bem civilizada. Foi nessa cidade que Esther nasceu, em agosto, filha de Bernardo e Regina, donos de uma loja de modas. Nasceu saudável e vigorosa. Desde pequena notaram em Esther seu gosto por escrever.
Na época não existia supermercado, então cada mantimento era adquirido em um lugar. Leite e pão na padaria, carne no açougue, frango e ovos na granja, secos e molhados no armazém e frutas na quitanda. Dava um trabalho! Não dava para as mulheres fazerem outra coisa mais conveniente!
Passados alguns anos, Esther já mais adolescida, entrou na escola onde era muito boazinha e tirava boas notas. Tinha muitas amigas e gostava de brincar de boneca e elaborar peças de teatro.
Como toda criança aprontava e uma de suas travessuras foi se esconder com as colegas; cortou o cabelo e passou água oxigenada nele para clarear a cor. As pessoas a perguntavam o motivo de ela estar assim. Ela falava que era um “shampoo” especial.
Desde garota tinha o sonho de morar em São Paulo. Com 17 anos veio para a metrópole e nessa viagem impetrou um namorado. Depois de um tempo se casaram e Esther veio definitivamente para a “cidade dos sonhos”.
Um belo dia seu cônjuge, Isaac, um renomado engenheiro chegou a ela e explicou: “Tenho que trabalhar mais para me especializar, por isso me matriculei em um curso à noite, durante dois anos”.
Esther ficou furiosa, totalmente agoniada, pois não gostaria de passar o anoitecer sozinha durante dois anos. Saiu pisando impetuosamente pela rua até achar uma faculdade. Chegou à recepcionista e perguntou: “Tem curso de jornalismo para dois anos à noite? ” Encontrou o que procurava e o cursou pelo tempo previsto.
Em seu trabalho aprendeu como “tirar água do papel” para deixar o jornal impecável. Tirar água do papel significa retirar todo o desnecessário do texto. Uma impressão perfeita. Esther hoje em dia se arrepende de ter cursado jornalismo: “devia ter feito literatura”, pois gostava mesmo era de escrever, diz ela.
Para mostrar o que o trabalho fez com ela, Esther contou que antes costumava fazer lindos cartões de Ano Novo e outros eventos, hoje só consegue escrever Felicidades e assinar.
Esther leva uma vida boa e é muito grata a Deus por todas as oportunidades e acontecimentos que teve. As vezes temos de fazer escolhas sejam elas boas ou ruins. Esther é um exemplo de mulher guerreira, ela soube lidar com vários problemas sem abaixar a cabeça. Esther é serena. Esther é feliz. Ela se orgulha muito de quem é e pelo que passou.
3 Comentários
nicole
27 de junho de 2016em 22:32Mariana
O texto ficou muito bom adorei a parte que você disse que ela conseguiu realizar o sonho de vir para São paulo.
Parabéns!!!
clara
28 de junho de 2016em 00:57Seus comentários *
Clara
28 de junho de 2016em 00:59Meu Deus, ta incrível! Parabéns.