A incrível história de uma mulher

Ana Campos Veríssimo

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“As memórias que vou relatar são de uma mulher corajosa que, desde pequena, teve que trabalhar duro na roça. Antes de falecer, nos meados de abril, com uma memória excelente, ela deu uma entrevista e contou sobre sua vida. Ficamos mais de uma hora conversando, ela me relatando sua história e eu, escutando e perguntando. Foi um momento muito bom! Assim como todos que passamos juntas. Aliás, no dia que fui entrevistá-la descobri que, como eu, minha bisa amava Nutella!”

Maria Aparecida nasceu e cresceu em uma fazenda em Barretos, interior de São Paulo. Sua vida lá não era nada fácil. Desde os sete anos já tinha que trabalhar duro, cuidando de crianças menores, fazendo farinha, ajudando a plantar e colher os alimentos, ajudava também a cozinhar e várias outras coisas…

De oito irmãos, só quatro sobreviveram. Ela era a caçula, mas trabalhava quase tanto quanto os outros. Quando criança tinha muitas responsabilidades. Era tanto trabalho que mal tinha tempo para brincar.

Um sonho, não tinha! Eram tantas preocupações, tarefas e  coisas para se ocupar, que ela nem pensava nisso. Gostava e sentia prazer em ajudar os outros. De tudo o que fazia, o trabalho que mais gostava era o de cuidar das crianças menores.

E, por mais que sua infância tenha sido dura, ela sente saudades daquela época!

Em sua juventude o trabalho era dobrado, começava logo ao amanhecer e terminava  tarde da noite, mas não era só isso, também tinha dois filhos para cuidar. Naquela época, era comum ter pelo menos uns dez filhos, mas ela foi esperta. Sabia que não ia conseguir cuidar de mais de dois filhos e, ao contrário da maioria das mulheres daquele tempo – que mal pensavam nisso – ela decidiu e, no final, só teve um filho e uma filha. Enfim, essa época de sua vida foi bem difícil, mas deu tudo certo. Afinal, o nascimento de seus filhos foi o momento mais marcante de sua vida.

Quando adulta, ela se mudou para São Paulo. Como nunca aprendeu a ler nem a escrever, veio para cá, dependendo do filho, que havia estudado em uma escola  perto de onde morava. No começo não foi fácil, mas depois arranjou um emprego e escola para os filhos.

Maria Aparecida, ou para os amigos Cida, recordou que em sua opinião o que mais mudou desde a sua época até hoje, foi que “a vida ficou mais confortável com toda a tecnologia, mas antigamente era tudo saudável e as pessoas eram mais unidas”.

Seu desejo sempre foi que sua família tivesse uma vida feliz e com muita saúde, assim como ela teve. Depois de muito trabalho, esforço e dedicação, conseguiu essa vida boa, uma família que a amava demais e muita saúde!

“Aqui eu encerro este texto, mas não todas as suas memórias.  Ontem, quatro de maio de 2016, em sua missa de sétimo dia, sua filha, minha tia avó, me falou que  mesmo depois de uma hora e meia  me contando a história de sua vida, quando sai da casa delas, minha bisa disse a ela assim “ porque você não me lembrou de dizer …”.”

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4 Comentários

  1. Manu Moraes

    Realmente,sua bisa é uma mulher muito corajosa! Parabéns pelo lindo texto!!

  2. Nina

    Que emocionante! Mas achei muito triste!que bom que ela conseguiu uma vida feliz no final, não que a vida dela não era feliz mas era muito puxada!

  3. nanda 5 B

    Ana, ficou muito bom o seu texto , com o que você descreveu sua bisa, parece que ela trabalhava muito, se esforçava, para conseguir uma ótima vida para ela e a família. Parabéns pelo seu texto e pela sua bisa, que tem uma ótima neta!

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