Sujeito de sorte esse Zé, poderia ter sido cortador de cana. Como muitos Iracemapolenses era muito pobre. Como poucos veio para São Paulo e virou diretor de uma empresa de latas (Brasilata). José Maria nasceu em 26 de setembro de 1955, em uma casa sem luz elétrica -a luz era a lampião-, não havia água encanada e o banheiro era fora da casa. Plantavam a comida para comer. É o primogênito de quatro filhos e os nomes de seus irmãos são: Paulo, Maria, Valeria. Zé sempre foi mais apegado a sua irmã Maria e até hoje é assim.
Na escola Zé era o número um da classe – na época falavam do “potencial de inteligência”- e tinham inveja muita inveja dele. Ele gostava de jogar futebol, mas não tinha muita habilidade, também gostava de brincar de bolinha de gude e era muito bom no basquete. José nesta época não conhecia muitos tipos de empregos, então seu sonho era trabalhar em um escritório e esse desejo foi realizado. As paixões começaram aos 15 anos e o máximo que se fazia era ficar de mãos dadas no jardim (não havia isso de beijar, abraçar, ir ao cinema, dormir na casa do outro, como acontece hoje em dia).
Aos 11 anos Zé começou a cozinhar. ‘’Começou muito cedo’’. O motivo dele cozinhar nesta idade foi que seu pai trabalhava em uma usina e ele precisava comer. Então sua esposa Benedita deixava o feijão pronto e seu filho primogênito fazia o resto da comida e levava para seu pai Valentim.
Como muitos, formou-se em Economia com 21 anos em 1977. Como poucos veio para São Paulo. Quando chegou ficou embriagado ao perceber a diferença com o tamanho da cidade. Foi procurar emprego, e ficou trabalhando na mesma empresa onde continua até hoje. Zé se adaptou rapidamente. Durante um ano ele viajou para Iracemápolis todo santo final de semana para sua mãe lavar suas roupas, porque ele levou o suficiente só para uma semana.
O melhor prato que fez foi uma moqueca de camarão: ficou muito bonito, cheiroso, de dar água na boca! Zé acertou todos os pontos e todas as quantidades, ficou ótimo e até ultrapassou suas expectativas. Mas nem tudo é perfeito: ele fez um chilli e errou tudo, do ponto até as quantidades para seu espanto. Ele se interessou pela gastronomia porque percebeu que tinha talento e paciência para cozinhar. Zé também fez três cursos de culinária um com Bassoleil, outro com Juan e por último com o Alexandro Segato, com quem ele aprendeu a fazer risotos. Ele já sonhou em abrir um restaurante, mas percebeu o quanto era difícil e resolveu não ter.
Faz pouco tempo que Zé completou 60 anos. Aos 34 anos teve uma filha, aos 36 anos teve um filho e o último aos 50 anos. O nome da filha é Camila, do segundo filho é Fernando e o nome do caçula é Mateus. Seu pai está com 84 anos e sua mãe com 80 anos.
A história de Zé é um relato fascinante sobre a jornada de um homem que através dos pratos que cozinhou, por onde passou e a maneira que como enfrentou os desafios o definiu. Isto é uma vitória e tanto!
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