Clara De Mello Franco Echeverria
“Viver do que eu gosto”. Ente outras frases inspiradoras contadas por Arnaldo, esta poderia ser uma das que mais define dois de seus gêneros artísticos: cantor e escritor.
O cenário onde tudo começou foi a popularmente conhecida cidade de São Paulo, lugar que já foi considerado, séculos atrás como um ambiente pouco explorado pela colonização urbana. Foi nele que Arnaldo Antunes nasceu, em setembro de 1960. Conviveu com seus pais, Arnaldo e Dora, na Rua Sagarana. Para sua sorte teve sete irmãos (quatro meninas e três meninos).
Como muitos era bom aluno, como poucos não gostava de “decorar” assuntos escolares. Sempre teve muitas oportunidades para brincar, principalmente no sítio de Bragança com os seus primos: se entretiam com todo tipo de brincadeira desde pique – esconde, futebol, queimada, nadar, andar de bicicleta, charrete até empinar pipa e pegar passarinho.
Seu sonho era único: crescer. Como muitos queria ter a liberdade de um pássaro. Queria desfrutar de oportunidades que só o mundo adulto consegue: poder fazer atos proibidos, participar das conversas confidenciais, entre outras oportunidades de ‘’ouro. ’’
Talvez, a pior coisa do mundo é sentir vergonha, ainda mais a vergonha do ‘’amor’’. Como muitos aos 12 anos teve sua primeira namorada, como poucos, descobriu que nessa idade não beijava, só dava a mão e chamava para ir ao cinema.
Arnaldo ‘’sofreu a febre da liberdade’’, graças aos seus pais. Aos 15 anos teve permissão para ir ao Nordeste e aos 18 planejou viajar para a Bolívia e o Peru. Mas só foi a Bolívia, já que o país adentrou na ditadura militar (e com ela, o conhecido toque de recolher). Então abortou seus planos para o Peru.
Uma situação que de fato é reconhecida como uma parte extraordinária de sua vida aconteceu na escola e foi chamada de “manifesto do sopro”. Isso ocorreu durante o período da aterrorizante ditadura no Brasil. Como muitos alunos, cumpria seus rotineiros costumes, como poucos reagiu, com ímpeto. Toda essa azucrinante manifestação teve partida quando a escola proibiu os estudantes de tocarem flauta- um aperto tocante que feriu os corações dos “flautistas”- Então para reconcertar suas almas doloridas, combinaram um protesto turbulento para reivindicar seus direitos. Como marcado previamente, todos trouxeram seus instrumentos e no momento combinado os alunos começaram a apitar… Como se previa, todos os participantes levaram uma suspensão.
Arnaldo teve sorte, saiu do colégio casado, mas como todo sortudo teve um, porém: tinha que exercer uma profissão. Seu emprego foi como revisor de texto – pelo menos gostava do trabalho.
Como muitos artistas, suas inspirações vieram de casa, como poucos veio de um pai pianista. Sua voz única já lhe rendeu aproximadamente 500 músicas e seus shows preferidos foram no Circo Voador, Hollywood Rock, na Abertura com David Bowie entre outros.
Arnaldo foi e é um homem sonhador, inspirador, além de bom cantor e bom escritor. Até hoje faz o que quer com muito gosto e orgulho. Ele é um exemplo de pessoa nobre, que o mundo inteiro poderia pensar em seguir.
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