Uma brasileira portuguesa, com certeza

Por Clara da Quinta Rodrigues

claraAs memórias que eu vou contar são de minha avó materna, Maria Beatriz Martins Fernandes, ela tem sessenta e sete anos de idade e nasceu na cidade de São Paulo, passou a infância morando entre Portugal e a cidade em que nasceu, pois seu pai tinha negócios no Brasil, mas não queria perder o contato com os parentes de Portugal, por isso eles tinham casa nos dois países, e faziam tanto esse trajeto.

Quando pequena, morava próximo ao centro de São Paulo, tinha muitas amigas e amigos, brincava muito com eles no pátio da igreja que frequentava, na escola. Em Portugal, brincava numa rua de terra em frente à casa da avó, principalmente de esconde-esconde e pular corda, que eram suas brincadeiras preferidas.

Os lugares de que ela mais gostava eram a escola e sua própria casa. Esconderijo ela também tinha, era embaixo da cama! Bom esconderijo, afinal! Ela se escondia para brincar e para não apanhar da mãe ou do pai quando aprontava alguma travessura.

Gostava muito de ir à praia com seus pais Emilia e Manuel, sua irmã Elisabete e sua cachorra Violeta. Ela entrava no mar com seu pai e até Violeta pulava na água. Mas, não ia muito, fazer isso era coisa rara! Pois seus pais trabalhavam muito.

Ela estudava, e nas horas vagas fazia um curso de costura e bordado que sua mãe quis que ela fizesse já que a maioria das garotas daquela época não estudava muito. Começou a gostar da costura, fazia lindas roupas para ela e sua irmã.

Aos doze anos foi morar definitivamente em Portugal, pois sua mãe percebeu que ela e sua irmã começaram a falar sobre meninos e namoro. Emilia, sua mãe, era muito tradicional e não aprovou o namoro, quis levar as duas para um lugar com famílias conhecidas, ou seja, famílias da cidade. Em Portugal, Beatriz não se acostumou com a escola, não gostava do lugar e não conseguia fazer amigos, foi cada vez mais se dedicando a costura e o bordado, virando uma costureira de mão cheia. Mais para frente, no ensino médio, deixou os estudos para se dedicar ao trabalho, vendia as roupas que fazia para as pessoas de sua cidade, mas não gostava de costurar para elas, tinha que fazer roupas mais “antigas”.

Em Portugal, conheceu seu marido, meu avô – rapaz da cidade, óbvio! Ramiro nasceu em Portugal, morava no Brasil, mas estava a passeio no Porto. Eles ficaram namorando por cartas e em uma viagem das famílias de Beatriz e de Ramiro ao Brasil eles se casaram.

Foram essas algumas das memórias dos primeiros vinte anos da vida de minha avó. Da sua infância, até o seu casamento e de suas diversas viagens e mudanças! Contar tudo isso me deu vontade de ir para lá, meu pai já foi, minha mãe já foi, meu irmão já foi. Só falta eu!

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