Beatriz França de Azevedo Bittar
Esse alguém é uma senhora chamada Célia Violeta, ela tinha três irmãos – Maria Lucia, Augusto e Rui. Ele era a segunda e nasceu em São Paulo em 1924 no dia 22 de agosto. Suas memórias são maravilhosas! E vocês as conheceram agora, é só abrir bem os olhos e ler!
Um dia divertido para Célia foi quando foram de bonde para a cidade e o bonde era o número 41, mas ela e os irmãos entraram no número 40, então a mãe dela entro
u no bonde correndo brava, pegou todos pela camiseta e eles tiveram que sair todos pela porta de novo atropelando todo mundo que estava subindo. Nesse dia Célia se divertiu muito com seus irmãos! Enquanto sua mãe brava gritava com todos, o quarteto ria sem parar! Esse bonde saía da Praça do Patriarca e ia para a Praça Roosevelt. Naquela época ainda não existia a avenida Nove de Julho.
A brincadeira preferida da Célia Violeta era brincar em cima das árvores. Cada irmão dela e ela tinham uma árvore, uma árvore que era como uma casa. Cada um tinha a sua, eles as chamavam de Casuarinas, essas árvores possuíam troncos firmes, então ela e seus irmãos, amarrando um grande pedaço de madeira entre as árvores, atravessavam tranquilamente para as “casas” de seus irmãos, também passavam brinquedos e objetos amarrando cordas nos pedaços de madeira e amarrando essas cordas nos objetos.
Naquela época muita criança brincava na rua e ela também brincava. Se divertia muito com os amigos do bairro, e que se lembre brincava de: pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, bolinha de gude etc… No seu quintal o que ela lembra de brincar é de bar. Ela e seus irmãos pegavam uma tábua de madeira e uma pessoa ficava atrás, os outros chegavam e diziam com uma voz grossa, dando um soco na mesa: “Me dá uma pinga!” E a pessoa atrás da tábua dava um copo com água, fingindo ser uma pinga. A infância de Célia foi muito boa.
As escolas antigamente eram parecidas com as de hoje, mas em sua opinião eles aprendiam muito menos porque hoje a gente já “nasce sabendo” muito mais coisas.
Célia Violeta nunca foi dedicada aos estudos, queria que fosse férias o tempo todo e só nos feriados, que não são muitos, ela iria à escola.
Quando criança ela disse que não existia esse negócio de brigar com os irmãos pelo menos em sua casa, era só discussão. Aqui vai um exemplo:
Os dois irmãos de Célia discutiam na mesa batendo a unha do dedo indicador na mesa, então começavam a falar:
– Pai! Ele está provocando!
Aí o outro:
– Não estou, não!
Então começava a discussão. Disso ela se lembra muito bem, se lembra dando risada. Um dia, cansada, começou a gritar com os irmãos:
– PONHA-SE NO RIDÍCULO!!!
Então a pessoa que estava discutindo via que estava sendo ridícula, que estava discutindo por nada e parava. Célia não era de discutir, mas às vezes ficava contrariada. Sua irmã mais velha Lúcia, toda vez antes de irem dormir se escondia atrás da porta para assustar Célia. Ela sabia que a irmã estaria lá, mas, mesmo assim, gritava de susto. Outra coisa que Célia ficava contrariada com a irmã era porque ela tinha um oratório com uns santinhos bem pequenos que ela deixava em seu criado-mudo, mas sua irmã sempre entrava no quarto correndo e derrubava tudo. Então, Célia abria o oratório e arrumava tudo de novo. Logo depois, Lúcia entrava de novo no quarto e derrubava tudo, novamente. Célia arrumava tudo outra vez, e assim por diante.
A primeira vez que foi no cinema, foi com sua avó. Ela tinha 4 ou 5 anos, o filme que fora assistir era sobre cavalos, mas tudo em preto e branco. Nesse dia ela nem sequer prestou atenção no filme, pelo contrário, queria que o filme acabasse logo para ir para trás da tela ver e passar a mão nos cavalos. Ela pensava que tinham pessoas, animais… atrás da tela e eles que produziam o filme, como num teatro. Não tinha nem noção de como funcionava um cinema.
Célia acha que a cidade antigamente era maravilhosa igual à de hoje, mas não tinha prédios e em alguns caminhos só havia mato. Porém já existia o Viaduto do Chá, e o Teatro Municipal.
Quando a televisão chegou ela tinha aproximadamente 30 anos, o telefone já existia, mas não era igual ao de hoje, para ligar você tinha que ir até a telefonista para pedir que ela fizesse a ligação, e o telefone não era de teclado ele era de discar. Ela se lembra das horas que ficava na fila para fazer apenas uma pequena ligação!
Quando ela era moça, era feio mulher trabalhar porque parecia que os homens eram incompetentes, na opinião de Célia era um tamanho desperdício.
Ela morava na dona Hipolita que era o nome de uma grande fazenda, e agora essa rua é Gabriel Monteiro da Silva. As ruas não eram asfaltadas e a rua dela também não. Diferente de hoje.
Quando moça, frequentava bailes, onde se divertia muito! Ela dançava bastante, mas os bailes eram diferentes dos de hoje.
Célia desde pequena vai à praia de Itanhaém. Acordava às cinco da manhã, ia até a estação da luz, pegava o trem até Santos e saía na estação Juquiá. Chegava em Itanhaém e descia no areião com sua mala às 17:30 da tarde. Um dia inteiro de viagem, o que hoje demora só uma hora.
Hoje, Célia é uma senhora divertida e engraçada, que mora no Taboão da Serra em um sítio bem legal. Fez Ioga muito tempo, e agora vive fazendo festas, recebendo visitas e passeando por aí!
4 Comentários
Marina 5e
27 de junho de 2016em 22:11Parabens Bia, gostei muito da parte que fala q que ela e os irmaos brincavao nas suas “casa” arvores
Flora Tiemi Nonaka
27 de junho de 2016em 22:26Muito legal Bia o nome faz todo sentido com o texto
E ter uma “casa na árvore”deve ser divertido
Joana storto
28 de junho de 2016em 12:25Bia gostei muito das memórias de sua avó! Principalmente da parte que você fala que ela e seus irmãos tem uma “casa” na árvore!
Ale battaglia dias
29 de junho de 2016em 16:04Eu achei engraçado que ela achava que os personagem ficavam atrás da tela, mas quando eu era menor eu achava o mesmo.