Por Marina Peccin
Julia nasceu no Rio de Janeiro, mas veio para São Paulo quando ainda era muito pequena. É a quarta de cinco irmãos, Sergio Luiz, Carlos Alberto, Elisa, e José Carlos.
Teve uma infância muito divertida com seus amigos, pois brigava mais do que brincava com seus irmãos, tanto que quando ela tinha uns quatro, cinco anos foi com sua família a um sítio de um tio, lá em Jacarepaguá. Lá tinha um lago com uma ilhazinha, nela havia um pequeno chalé. Não era tão longe! Mas para idade que tinha era muito.
Seus dois irmãos mais velhos, Sergio e Beto, como foram apelidados, convidaram as duas irmãs, Elisa e ela, para ir até a ilhazinha. Os quatro subiram no barquinho e os mais velhos começaram a remar…
Depois de remar um pouco chegaram e desembarcaram no chalé. Julia e Elisa estavam brincando felizes lá na frente, enquanto Sergio e Beto saíram de fininho, subiram no barco e começaram a remar.
Eles as abandonaram lá! Julia ficou desesperada – coitada -, era pequena e achava que iam passar a vida inteira lá e que ninguém ia salvá-las! Seu pai logo descobriu e ficou furioso! Ficou bravo, de verdade, e mandou que eles fossem imediatamente buscar as irmãs, ufa!
Seus irmãos mais velhos não ligavam muito para ela, mas brincavam um pouco sim, com Julia:
Barra manteiga, estátua, batatinha frita 123, andar de bicicleta, alugar o cavalo do guarda noturno nos finais de semana, iam ao clube etc. Uma infância cheia de coisas.
Julia também não era uma santa…
Aprontou uma vez uma coisa mais séria do que costumava aprontar.
Tinha oito anos, seu irmão mais novo tinha acabado de nascer. Julia como você já deve ter imaginado já estava acostumada a ser o “bebê” da família. Tinha muito ciúmes do irmão menor.
Morava na rua Gabriel Monteiro da Silva, e lá tinha uma vilinha que ela ia todo dia antes ou depois da escola, brincar com suas amigas. Tinha um cachorro vira-lata bonzinho de tudo, ficava parado num canto.
Mas decidiram falar que aquele era louco, que ele tinha raiva e coisas do tipo. Resolveram brincar de pular o cachorro. Julia foi pular o cachorro e… raspou o tornozelo no muro.
Era para chamar atenção porque quando viu começou a chorar e gritar: “Ai! O cachorro louco me mordeu!”
Elisa, preocupada, saiu correndo com ela, avisou a mãe, que ligou para o pai, que disse: “leve a Julia ao instituto Pasteur!”
Pegaram um táxi e foram correndo até o instituto e, alegre, a mãe de Julia ia perguntando se ela tinha certeza que o cachorro a havia mordido e ela respondia que sim. A história foi crescendo e Julia não tinha mais coragem de dizer que história não era bem assim.
O médico chamou Julia, examinou-a e disse: “você tem certeza que o cachorro te mordeu? Porque isso parece mais um arranhão do que uma mordida de cachorro…” Aí, ela começou: “é pode ser que foi um arranhão mesmo… É, talvez o cachorro não tenha me mordido, é…”
Aí o médico percebeu e sua mãe também… “Se foi mesmo o cachorro que te mordeu, você vai ter que tomar – naquela época – 10 injeções na barriga”.
Julia não sabia o que fazer. O cachorro não tinha mordido, agora ela ia ter que tomar 10 injeções e ainda NA BARRIGA!
Sua mãe disse para ela ir para casa e pensar se o cachorro havia mordido mesmo.
Julia foi para casa falando que achava que não tinha sido o cachorro. Sua mãe fez um curativo e disse que da próxima vez que ela se enganasse assim de novo poderia haver consequências piores pois ela poderia ter tomado 10 injeções na barriga sem precisar…
1 comentário
Beatriz Bittar
29 de junho de 2016em 14:50Adorei o texto! Julia não era uma santa mesmo!