Por Felipe Rapoport
Abrão Rapoport, meu avô, tem quatro filhos, nove netos e é um médico paulistano. Nasceu na Rua João Moura, no bairro de Pinheiros em 1942. E nessa casa ele viveu com seus pais até os 25 anos de idade. Quando criança, Abrão estudou na Beith Chinuh, uma escola judaica bem rígida. Mas ele vive dizendo que parte de tudo que ele conquistou na vida foi graças a essa escola. Já adolescente, Abrão fez a faculdade da PUC (Pontifícia Universidade Católica), se formou em medicina.
Meu avô estudava de manhã e então tinha que dormir cedo e ele odiava isso. Ainda mais porque um de seus irmãos estudava de tarde e ele tinha muito ciúme disso. E ele vivia falando que seu irmão era o preferido de sua mãe, Esther e de seu pai, Moisés (o apelido dele era Micha).
Abrão me contou que na última aula da escola dele ele nem prestava atenção direito porque logo depois ele ia para a sua rua onde encontrava seu outro irmão e seus amigos do bairro. Era uma alegria! O encontro era na sua rua porque tinha uma praça onde tinha campinho de futebol, parquinho e bastante espaço para a garotada se divertir para valer! Você está pensando numa bagunça, não está? Aposto que sim! Brincavam de tudo! Esconde-esconde, amarelinha, futebol, andavam de bicicleta, jogavam taco e muitas outras coisas. Quando todo mundo ia embora ficava só Abrão e seu irmão, Leão, era a parte que ele mais gostava porque eles andavam juntos conversando sobre tudo até chegar ao trabalho de sua mãe onde tinha uma grande amoreira. Eles subiam nela e pegavam as amoras para comer depois do almoço. Quando a mamãe Esther saia do trabalho eles iam a pé juntos até a casa almoçar onde seu pai esperava cozinhando.
Abrão era um bom aluno, mas ficava contando os dias para chegar as férias. Nas suas férias, quase sempre Abrão ia para o Rio de Janeiro com seus pais e ele adorava. O motivo disso é que a família dele tinha um apartamento em Copacabana e eles adoravam lá porque seu pai tinha amigos de infância. Lá ele nadava no mar – que era bem frio –, apostava corrida na praia com outras crianças e fazia passeio de bicicleta com sua família.
O time de coração do meu avô sempre foi o São Paulo Futebol Clube e agora vou contar um acontecimento marcante da vida dele na adolescência sobre futebol: a decisão da Copa do Mundo de 1950.
Abrão me contou que o momento mais emocionante da vida dele foi a decisão da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu por 2×1, o chamado MARACANAZO, essa palavra porque o Uruguai derrotou o Brasil e foi no Maracanã. Embora o Brasil tenha perdido, o meu avô adorou porque ir no maior estádio com tantas mil pessoas o deixou muito feliz.
Abrão sempre quis ser médico desde pequeno, ele sempre cuidava de sua família, por isso ele se tornou médico. E é brincalhão porque vive contando piadas.
Obrigado, vô, por mostrar suas memórias para o mundo.
5 Comentários
Luis Fernando Giangrande
27 de junho de 2016em 21:38Seus comentários * Felipe o texto ficou muito legal!! muito legal saber que o 2×1 chama MARACANAZO. Não sabia
TOM LEÃO
27 de junho de 2016em 22:08Esse médico teve uma infância de dar inveja!Uma história de brincadeiras,amigos e estudo.#Adorei!
Pedro rigobelo
27 de junho de 2016em 23:25O que eu gostei no texto é que ele Ásia a de tudo agradece a escola por tudo que ele conquistou.
Thiago
28 de junho de 2016em 00:07Muito legal!! Quantas brincadeiras!!
Anik
28 de junho de 2016em 13:22bom texto! E gostei do apelido do Abrão (Micha)