Por Isabel Vergueiro Araujo
Laura de Mello e Souza nasceu em São Paulo dia 2 de Janeiro de 1954. Têm cabelos castanhos e olhos verdes, daqueles bem bonitos.
Quando Laura era criança, passou bastante tempo na fazenda de sua avó Ilda em Araraquara. Como ela era da cidade, não estava tão acostumada com os costumes da fazenda. Ouvir os grilos cantando, ver as estrelas de noite e antes do sol nascer. O que na cidade não dava para fazer. As crianças sabiam direitinho tirar leite da vaca, pegar ovos e andar a cavalo sozinhos. Mas ela aprendeu também, aprendeu a fazer tudo e gostava muito. Demorou um pouco para ela conseguir, se esforçava mas conseguiu.
Sua outra avó, Clarice, foi muito importante para a vida dela, porque quando Laura era pequena, morou com ela. Clarice tinha ficado viúva e entrou em luto com 54 anos, – que nessa época já era considerada velhinha – e seu filho Antônio Candido, pai de Laura foi cuidar dela. Clarice era muito carinhosa com ela, brincava com ela, jogava jogos com ela…
Mas ela tinha um problema na escola: no jardim de infância, Laura não ficava de jeito nenhum na escola, chorava e a mãe tinha que buscar. Era muito complicado! Quando tinha sete anos entrou na escola Machado de Assis – em Assis – mas saiu com nove para ir pra Paris.
Paris? Um dia, seu pai recebeu uma proposta de emprego em Paris, e Laura, sua mãe Gilda e suas irmãs Marina – a mais velha – e Ana Luiza – a mais nova – foram junto passar dois anos lá. Ela era criança, tinha nove anos. Elas visitavam os parques, iam aos museus e passeavam naqueles zoológicos bem grandes. Para ela, foi muito importante porque se interessou muito pela história francesa e a ajudou para escolher sua profissão. Isso a marcou muito.
Dois anos depois, ela voltou ao Brasil para morar em São Paulo. Laura gostava muito de desenhar, e desenhava muito bem. Alguns desenhos ela tem até hoje. Suas primas e ela eram muito amigas e gostavam de brincar de mocinha e bandido, de escalar árvores e de jogar bola na parede. Em sua vizinhança tinha muitas crianças e ela morava numa casa grande na Aclimação. Sua infância era bem divertida.
Com 11 anos entrou no Dante Alhigueiri e ficou lá a vida escola inteira, porque gostou muito dessa escola. Ela gostava de poucos esportes, como andar a cavalo e handebol, inclusive chegou a ser goleira em sua escola. Quando Laura estava em Paris, não ia para a escola, porque seu pai era professor, e a ensinava em casa.
Laura nasceu no tempo do Getulio Vargas, quando teve o golpe militar. Ela se lembra que as pessoas ficavam falando daquilo e foi uma época que as pessoas tinham muito medo porque sua família e amigos eram contra a ditadura. E se eles questionassem alguma coisa sobre a ditadura para os ditadores, as consequências eram grandes.
Depois de anos, Laura se casou com Carlos, – o meu avô – se formou como professora de história e teve minha mãe Maria Clara e minha tia, Dora, mas se divorciou. Um ano depois, ela se casou de novo, com Mauricio. Mauricio tinha quatro filhos, então, formaram uma família de seis filhos. Oito anos depois, Mauricio e Laura tiveram Teresa, uma menina temporã, a mais nova da família. Como os outros irmãos eram mais velhos que ela, não brincavam com ela, só a minha mãe, que era nove anos mais velha que ela.
Infelizmente, quando Laura tinha 58 anos, Mauricio faleceu. Foi uma grande perda. Laura se sentia sozinha, o sítio que eles tinham estava vazio… Uma nova etapa da vida de Laura estava começando…
Quando Laura completou 60 anos, recebeu uma proposta de emprego para dar aula em uma universidade em Paris. Finalmente ela pôde voltar pra lá!
2 Comentários
Veridiana Gibotti
29 de junho de 2016em 12:15O texto ficou muito bem escrito! Parabéns!!!
Beatriz Bittar
29 de junho de 2016em 15:07Muito legal e bem escrito! Gostei da parte da fazenda!