Por Nicole Chiachiarini
Maria da Gloria é minha avó. Ela morava em Socorro e veio para São Paulo ser enfermeira, e agora ela se aposentou.
A mãe da minha avó teve 11 filhos, três homens e oito mulheres. O pai morreu muito cedo por isso não teve muita intimidade com ele. Mas a mãe era muito carinhosa, atenciosa. Maria da Gloria também era muito mimada.
Na sua infância, eles que produziam seus próprios brinquedos. Não havia tudo pronto como hoje – que é só ir na loja e comprar. Tinham que fazer boneca de pano, boneca de barro, panela de barro, cadeira de barro… Também não existia eletricidade porque ela morava em um sítio bem isolado. Brincavam de tudo e sempre usavam a criatividade. A brincadeira preferida da minha avó era ir buscar uma plantinha em um lugar chamado brejo e fazer panela de barro, mesa, boneca, cadeira e tudo isso. O brejo é um lugar de terra preta bem úmida e quando pisava, afundava e ela diz que era uma delicia sair de lá com o pé todo sujo de terra preta e úmida.
Maria da Gloria achava que era uma excelente aluna, que se comportava bem e não fazia bagunça, principalmente em história e geografia. Com sete anos ela entrou no primário na escola Coronel Olímpio de Oliveira. Depois ela terminou o quarto ano. Foi fazer o ginásio onde havia todas as matérias: inglês, francês, latim, além de aula de música e de bordado. Até hoje tem uma toalha que ela fez na aula de bordado. Essa toalha é muito especial para ela porque ela fez isso com 15 anos de idade.
Não pensava em ser enfermeira porque tinha medo de hospital, doença e essas coisas. “Eu pensava em ser professora e não enfermeira porque naquele tempo nós crianças não éramos tão evoluídas como as de hoje”. Mas depois que ela fez a faculdade, ela amou a profissão! Foi uma boa enfermeira e hoje é aposentada.
Como ela era do interior pensava em ser professora e com 15 anos dava aula onde sua irmã trabalhava. A irmã se casou e Maria da Gloria a substituiu.
Vinha um menino buscá-la de cavalo e ela ia até a fazenda onde ficava a escola. Era uma escola bem distante de Socorro. Maria da Gloria ia na fazenda dar aula na parte da tarde porque de manhã estudava o ginásio.
O trajeto era bem comprido da cidade até o interior. Ela saía da cidade, pegava uma estrada larga que era de terra vermelha com várias curvas e várias subidas… e depois de tudo isso chegava na fazenda onde ela dava aula.
Essas foram as memórias de Maria da Gloria da infância até a faculdade. E agora ele é uma senhora de quase 80 anos e que se aposentou. É uma pessoa muito querida e eu gostei muito de escrever suas memórias.
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