Bruna Carfi Cavalcanti
Agora vou contar algumas memórias de uma pessoa muito especial para mim, minha mãe. Ela chama-se Karen de Souza Cavalcanti.
Karen nasceu e cresceu na incomparável cidade de São Paulo, no bairro da Penha, rua Guaiaúna 65, casa 27, com seus dois irmãos, irmã, pais e avó. Seus irmãos se chamam Janderson e José Chateaubriand, sua irmã era Cristiane – já falecida quando jovem – a avó era chamada Idalina, a mãe Jandira e o pai Chateaubriand Lima. Esses são os membros de sua família que a acompanharam na infância. Os outros moravam distantes ou já tinham falecido.
Esta rua, na verdade, era um tipo de vila urbana onde ela se divertia bastante brincando com seus irmãos, irmã e amigas. Gostava bastante de descer um pequeno morro de terra sentada em caixas de papelão desmontadas, aquelas que conseguimos em supermercados e mercadinhos. Porém, também pegava utensílios para fazer casas de bonecas para brincar com suas amigas, coisa de meninas! Ela brincava menos com sua irmã que gostava mais de correr, pular, saltar e brincar de ”pega-pega” com os meninos ao invés de brincar de casinha com as meninas. De vez em quando todos iam ao Playcenter, um parque de diversões que a família adorava ir. Tinham muito medo de uma moça que se transformava em uma gorila, a Monga, que abria a jaula e saía correndo atrás de todos.
Como era muito difícil viajar nessa época porque as passagens eram muito caras, foi batizada somente aos 4 anos de idade quando seus padrinhos que moravam em Belém puderam vir para cá. Depois do seu batizado a festa foi no clube Corinthians, onde meus avós haviam se conhecido.
Numa das poucas viagens que fez, estava indo de carro até Belém com seus pais e todos os irmãos e às vezes seu pai errava o caminho. Uma vez, estava escurecendo e ele tinha errado o percurso. Foi quando perceberam que estavam em uma fazenda, numa estrada de terra e, conforme iam andando, apareciam vários sapos gigantes, nojentos, que não paravam de pular na frente do carro e apareciam de todo o canto, até que finalmente chegaram ao hotel e tudo acabou bem.
Infelizmente a vida não era só brincadeira: em primeiro lugar vinham os estudos que exigiam dedicação, concentração e calma, o que Karen tinha de sobra e por isso sempre foi muito inteligente e nunca repetiu um ano sequer. Ela mudou muitas vezes de escola durante seus estudos: Colégio Espírito Santo, Nossa Senhora da Penha, Santos Dumont, Agostiniano, Carlos de Campos e São Vicente. Este último era um colégio católico e tinha um corredor em que só as freiras podiam entrar. Um dia ela e suas amigas entraram lá escondidas, descobriram que havia uma capela antiga e ficaram curiosas para conhecer. Mas antes que conseguissem, a madre superiora “pegou todas no pulo”! Saíram correndo pare se esconder e escaparam da freira. Sua matéria favorita sempre foi Língua Portuguesa, o que aqui chamamos de LP, e a que não a agradava nem um pouco era Física, um grande desafio que conseguiu superar.
Se formou em Jornalismo na faculdade FIAM e lembra que uma vez tirou zero em uma prova de Estatística e isso foi muito traumatizante porque foi a primeira e única vez que tirou uma nota tão baixa.
Karen, como toda criança, sempre teve um sonho de se tornar algo quando crescesse e ela queria ser artista plástica. Por isso, sempre fez vários cursos de pintura, mas agora trabalha com algo muito diferente que é música. Seu trabalho é fazer consultoria de marketing cultural para empresas que constroem eventos musicais. Também trabalha em fazer bonés e camisetas personalizados para artistas como, por exemplo, o “EMICIDA“ um cantor de “RAP “. Uma coisa que foi muito marcante foi quando o Gilberto Gil almoçou com ela como convidado especial de um evento que fez e autografou todos os discos que tinha dele.
Karen já viajou para muitos lugares do mundo e as viagens mais importantes foram quando ela foi para Barcelona e Londres sozinha, pois foi a primeira vez que foi para o exterior. Mas também houve uma viagem bem trágica. Assim foi e assim aconteceu: ela estava na estrada indo para a sua casa de praia com três amigas no carro quando bateu de frente com outro e todas ficaram internadas por um dia no hospital. As viagens não foram só trágicas, também foram engraçadas: em um belo dia de sol ela e suas amigas estavam na praia de Camburi quando apareceu do nada um burro lá no meio das pessoas e parou justo na barraca delas. Que coisa chata! Como ninguém tinha coragem de espantá-lo, ele ficou ali mesmo e depois de um tempinho percebeu que a canga da minha mãe era verde e começou a comê-la sem nem se importar que era pano e não capim. Então sua amiga tomou coragem e puxou a canga por uma ponta e o burro puxava pela outra e ficaram naquele vai-e-vem. Até que, por sorte, ela conseguiu soltar a canga da boca do burro que não era mais a mesma porque estava toda rasgada e babada. Eca!
E assim foi uma parte das grandes memórias de Karen, que também foram uma grande parte de sua vida, que ainda vai durar por muito tempo, com mais histórias para contar e fatos para vivenciar!
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