Beatriz Lourenço Iervolino
Às vezes olhamos curiosos para certas pessoas, e pensamos “nossa essa pessoa deve ter uma história extraordinária! ”. Essa certa curiosidade foi parar na minha avó Claudia.
Ela nasceu em Cajobi, dia 21 de Maio de 1945, numa fazenda enorme, onde tinha a maior liberdade do mundo. Usava essa liberdade para brincar, e as brincadeiras que mais gostava eram: andar de bicicleta e brincar de boneca. Adorava pedalar pela fazenda inteira! Tinha vezes que por sorte podia ir para escola, pedalando, pedalando e pedalando, sentindo aquela brisa na sua face. Quando brincava de boneca vestia aqueles 1001 vestidos ajaezados nelas, que a própria mãe fazia – uns de festinhas, outros de dormir. Mas havia a boneca favorita, a “especial” uma de porcelana, que trocava os passos quando a puxava, “flip, flop, flip, flop!”.
Na fazenda, morava sua mãe, seu pai, a avó e o irmão de seu pai. Na sua casa havia o “lugarzinho estranho“ que era um alçapão. Claro que certo dia, com a maior curiosidade do mundo, sem notarem, foi olhar o “lugarzinho estranho”. Abriu a portinha… óbvio que quando isso aconteceu…caiu e cortou a testa. Ai! Isso deve ter sido doloroso!
Mas o que mais lhe marcou na vida não foi um corte na testa, mas sim um acontecimento inesperado que vou contar agora. Aos 14, um dia, foi avisada que passou do primeiro colegial para o segundo em primeiro lugar! Aquilo era raro e incrível! Claro que ganhou uma recompensa! Dois livros: o primeiro da professora e o outro livro, dos pais que estavam mais do que embasbacados!
Mas no mesmo ano, com 14, seu pai morreu. Com essa triste notícia, teve que ir trabalhar, pois sem o pai, a mãe tinha muito trabalho. Fez o único curso profissionalizante para mulheres. Virou professora “por acaso do destino” como disse. Dava aula grávida, fazia de tudo para ensinar os alunos em uma escolinha que não era grande. Como a escola era pequena, ela e os alunos lavavam-na. Acontece que um dia, alguns de seus alunos estavam brincando enquanto lavavam a escola. Alguns pulando, outros rolando. Certo menino foi pular ,mas… quando estava dando seu pulo, sem perceber que havia um menino embaixo, tropeçou no garoto, e ele por sua vez, bateu o queixo no chão! No final, tudo acabou com uma volta antecipada pra casa e um dente a menos.
Houve outro acontecimento, mas dessa vez bom: na Holanda “onde nevava muito” como disse, dia 14 de Dezembro de 2005, nasceu sua primeira neta Beatriz. E a emoção foi enorme tendo aquela “menininha” como neta.
Minha querida Vovó Claudia, aqui quem fala é sua primeira neta, que “por acaso do destino” te entrevistou, e você como presente, me contou as melhores 1001 memórias, que aqui relatei.
1 comentário
Helena Franco Fernandes
28 de junho de 2016em 17:48Bia gostei muito do seu texto!!!!
adorei o jeito que você começou!
esta muito detalhado e curioso, PARABENS!!!!
Estou sem palavras para descreve-lo!!
Muito bom!!!
Bjs
Helena