Memórias de Wulf Hermann Dittmar

Por André Meyer Dittmar

andre-foto1Wulf nasceu em 9 de janeiro de 1951 na Alemanha, em Saarbrücken, que é perto de Frankfurt. Ele veio para o Brasil com sua família em 1958. Neste ano, seu avô decidiu abrir uma filial de sua fábrica aqui no Brasil e chamou seu genro, pai de Wulf, para dirigi-la. Eles vieram de navio para o Brasil.

Wulf tem algumas lembranças de sua infância na Alemanha. Ele se lembra de um carro pequeno, verde, que era parecido com um fusca, no qual cabiam seus pais, seu irmão e ele. Ele sempre ia para a casa de sua avó. Na frente da casa dela havia um campo de futebol. Sua família tinha um cachorro da raça Basset, que se chamava Purtzel e que acompanhava a família em tudo que faziam. Ele veio junto na viagem de navio quando eles imigraram.

Quando chegou ao Brasil, ele se sentiu um pouco perdido por não saber a língua, mas foi logo para a escola, fez novos amigos e aprendeu a falar português.

Ele gostava muito de animais. Logo quando chegou, ganhou uma tartaruga do pai. Mais tarde foi comprando outras espécies. Houve épocas em que tinha 15 tartarugas, além de um grande aquário. Wulf ia de ônibus para sua escola que ficava no centro de São Paulo. Mas logo, por ser uma viagem muito longa, foi transferido para outra escola, mais próxima da casa onde moravam. Mais tarde, quando meu pai já tinha 12 anos, ganhou um cavalo chamado Agadir. Ele cavalgava muito na região onde hoje estão as marginais do Rio Pinheiro.  

Naquela época, anos 1960, São Paulo era uma cidade muito mais tranquila do que é hoje. Ele saía sozinho de ônibus ou, quando ia para alguma festa, voltava sozinho ou com os amigos. Com 18 anos fez a carta de habilitação e ganhou um fusquinha branco. Então, com dois amigos, fez uma longa viagem de um mês pelo Brasil levando uma barraca.

A fábrica deu certo no começo, mas depois foi vendida e seu pai, que era engenheiro, encontrou um trabalho em Belo Horizonte. Nessa época Wulf tinha 18 anos e foi morar em Viena, na Áustria, onde estudou química por um ano e meio. Nesta época ele começou a fotografar e manteve esta atividade por mais de 20 anos. Chegou a participar de várias exposições, nas quais mostrava as fotografias que havia feito nas viagens pelo Brasil e no exterior. Descobriu que queria ser médico e morar aqui no Brasil e quando voltou  se naturalizou como um brasileiro de origem, mas a língua alemã sempre se manterá em sua memória. Depois de um tempo ele se formou em Medicina, com 25 anos de idade. Enquanto estudava, vivia com amigos em uma república – um apartamento que é alugado por vários estudantes. Ele se recorda de festas e muita farra com os seus colegas. Escolheu ser psiquiatra e depois de um ano de formado começou a dar aulas. Em uma aula ele conheceu minha mãe, Maria do Carmo, conhecida como Lila.

Eles se casaram e tiveram 2 filhos cujos nomes são Pedro, o mais feio, nascido em 1995 em setembro, e eu, o mais bonito e importante, hoje com 10 anos, nascido em outubro de 2005.

Hoje em dia trabalha como psiquiatra em um consultório particular e no Hospital Albert Einstein.

andre-foto2Escolhemos como objeto importante para a família de Wulf o brasão da nossa família. Esse brasão significa que há muito tempo atrás um antepassado morava em uma vila que estava sendo atacada por inimigos atrás de dinheiro. Em uma noite, este antepassado escalou o muro que protegia a vila e foi atrás dos canhões que estavam dirigidos para ela. Ele colocou um prego em cada pavio dos canhões. De manhã, quando os inimigos tentaram atirar, não conseguiram porque esse prego bloqueou a passagem do fogo. Assim ele salvou a vila. Por isso nosso brasão tem um prego em cima do elmo.

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