O queridinho da casa

Por Flora Mazzucchelli C. Jardim

floraFrederico Mathias Mazzucchelli, mais conhecido como Fred, nasceu no hospital Pro Matre Paulista, na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 2 de abril de 1947, ou seja, ele tem 69 anos. Sua família inicial era composta por seu pai, sua mãe e três filhos. Seu pai, italiano, veio ao Brasil em 1922 e se casou em 1938 com uma descendente de libaneses, e dessa união nasceram três filhos. Silvia, que é a mais velha, nasceu em 1940, Fernando, o do meio, nasceu em 1944, e Fred, o mais novo. Hoje sua família é  composta com sua mulher Maria Elvira, com quem se casou em 1970 e suas duas filhas, Joana que se casou com Daniel e tem duas filhas, Sofia e Manuela, e Maria, que se casou com Guilherme cujos filhos são Pedro e Flora.

A casa que Fred morou na infância ficava na Rua Dr. David Campista, no Jardim Paulista. A casa não era nem grande nem pequena, tinha quatro quartos e um banheiro no andar de cima e no andar de baixo ficava a cozinha, uma saleta que eles viam televisão, a sala de jantar e a sala da entrada. Na casa também tinha uma área externa onde Fred sempre jogava bola com o irmão. Seu bairro era bem tranquilo, ele podia andar de bicicleta e brincar na rua, muito diferente do que é hoje em dia.

Sua infância foi incrível e feliz, ele se lembra que aos sábados de manhã, no café, comia pão com manteiga e mel. Depois pegava a bicicleta e andava com ela uma ou duas horas, mas não andava só de bicicleta, andava também de ônibus e de bonde e não havia o trânsito que tem hoje. Ele e seus irmãos conviviam na rua com seus amigos, e isso traz muita saudade para ele. Basicamente todas as brincadeiras eram fora de casa. Por exemplo, jogar bola de gude, futebol e andar de bicicleta, mas quando brincava dentro de casa era de futebol de botão e de trem elétrico.

Certamente em dias de sol jogava futebol e andava de bicicleta, mas em dias de chuva gostava de ouvir música. Ele era bastante estudioso, aplicado e correto nas coisas. A escola que estudava era a Dante Alighieri, mas essa não foi sua primeira escola, sua primeira escola foi a Externato Jardim Europa. E nas duas conseguiu se enturmar bem.

Seu pai tinha um laboratório farmacêutico que se chamava Bio Sintética (que existe até hoje, mas foi vendido quando seu pai faleceu). Esse laboratório tinha uma perua, e não havia indústria automobilística nacional, era uma perua cujo motorista se chamava Hildo. E era o Hildo que levava ele e seu irmão para o colégio, e na volta eles iam de bonde. O bonde descia pela Rua Pamplona, entrava na Rua Dunas, ia pela rua Veneza e fazia o balão, onde anos depois ele morou com sua esposa, (até hoje se você passar lá consegue ver os trilhos deste bonde).

Ele e seu irmão faziam uma molecagem: colocavam óleo no trilho do bonde e quando o bonde ia fazer a curva, a roda ficava girando em falso e aí o motorneiro (naquela época era como chamavam o motorista do bonde) tinha que jogar areia nos trilhos para ela absorver o óleo e a roda voltar ao normal.

Uma lembrança boa de sua infância era que seu pai cozinhava muito bem, ele gostava de quando o pai fazia um prato italiano no jantar que se chama Saltimboca a la Romana. Ele fazia o risoto à milanesa na cozinha e na mesa de jantar, literalmente na mesa, pois lá tinha um fogareiro, cozinhava o Saltimboca a la Romana que é um escalope com presunto e sálvia, que Fred adorava.

Outra coisa que se lembra é de uns amigos que tinham uma fazenda perto de Ribeirão Preto. Eles iam para fazenda e andavam a cavalo. O cavalo que ele montava se chamava Pavão e era um cavalo muito simpático. Eles pegavam carrapato e tinha uma moça que tirava os carrapatos deles.

Ele tinha vários amigos, por exemplo o Fabio Morgante que tem sua idade e o Nino que já faleceu. Sempre teve cachorro na casa de seus pais, tinha a Cachucha, a White e ele disse que provavelmente devia ter em alguma época uma arara. A casa que morava tinha o quarto de seu pai e de sua mãe, o quarto que ele dormia com seu irmão (quer dizer, tentava dormir porque seu irmão roncava muito), o quarto de sua irmã e tinha um quartinho que eles chamavam de “o quarto do fundo” e o que ele se lembra era que ficava muito feliz de brincar lá, pois tinha um trenzinho elétrico bem grande com fumaça e tudo. Sua lembrança ruim da infância foi quando eles estavam no Guarujá, seu irmão foi jogar taco e um menino sem querer foi levantar o taco e bateu na boca dele e ele desmaiou. Aí foi uma bagunça. Teve outro dia que seu irmão caiu do beliche, sua mãe colocou gelo e ele sarou no dia seguinte.

Sua primeira vez no estádio foi no Pacaembu com o seu pai em um jogo do São Paulo contra o Ipiranga, e terminou 1 x 1. Sempre torceu para o São Paulo na sua infância, e torce até hoje, sempre praticou futebol e gosta de ver os jogos hoje em dia também. Ele amava ser o mais novo, pois tinha sua irmã mais velha, a única mulher, seu irmão muito bonito de olhos azuis, e ele ia fazer o que, ia ser o queridinho.

A festa de Natal era muito importante para sua família. Então, todos iam para a casa de sua avó na Rua Nove de Julho e era um mega Natal, muito legal. Eles não viam a hora de ter essa festa de Natal que era super concorrida. Tinha festas menores em sua casa que eram os aniversários. Geralmente, se fazia um jantar bem gotoso. E festa com amigos só com 15 anos.

Sua adolescência foi um período bom e difícil de de viver – bom porque passeava muito, e difícil porque esse período foi um período de dúvidas. Quando ia às festas com 15 anos, dançava como um louco e isso deixava ele feliz, disse que é um péssimo dançarino, gosta de cantar, tocar e etc… mas de dançar nem um pouquinho. Uma lembrança ruim da sua adolescência foi que ele era apaixonado por uma menina e ela não deu a menor bola para ele, ele tomou um fora dela e ficou muito triste por isso mas aí tomou um banho demorado e passou. Depois de um tempo teve sua primeira namorada em 1966, com só 19 anos. Um ano depois quando já tinha 20 anos seu pai ficou doente e faleceu nos braços de Fred. Ele sempre foi muito estudioso e teve um momento em que queria ser bombeiro. Um tio dele, cientista, que era químico e criou o instituto da USP de química, o tio Simão Mathias, o inspirou a ser engenheiro químico, porque ele queria também administrar o laboratório de seu pai. No fim não foi nada disso.

Seu primeiro emprego foi com 14 anos vendendo flâmulas, mas esse foi um emprego que não ganhava muio. Depois de vender flâmulas foi quando ele entrou na faculdade em primeiro lugar na USP em economia, com 17 anos. Ele era tão estudioso que seus pais até davam bronca porque ficava estudando demais. Ele fez o vestibular e tinha naquela época prova escrita e prova oral, estudou muito e passou em primeiro lugar, então começou a ser monitor na faculdade na disciplina de matemática. Em seguida começou a dar aula de história no cursinho preparatório para a faculdade. Ele deu aula no cursinho da economia e depois em outro cursinho universitário, onde conheceu uma mulher. Era uma aluna muito linda e rolou um clima. No fim eles se casaram em 1970 – foi neste mesmo ano que Fred começou a ter um trabalho com um salário grande, férias anuais e carteira assinada.

Ele começou a trabalhar no último ano da faculdade no Cebrap, que era um instituto de pesquisas. Depois que se formou, foi para o Chile fazer pós-graduação. Quando ele voltou, continuou a trabalhar no Cebrap. Nessa volta teve um período que ele foi preso pelo regime militar por 30 dias. Depois disso ele deu aula na GV e em 1978 começou a dar aula na Unicamp, onde passou mais de 30 anos trabalhando e depois se aposentou. Também trabalhou no governo durante 6 anos, como secretário de Planejamento e depois secretário da Fazenda do Estado de São Paulo.

Agora, aposentado, ele tem mais tempo para fazer as coisas de que gosta, como por exemplo escrever e tocar com suas bandas e fazer shows em vários lugares até as vezes em outras cidades – começou a tocar em 1996 ou 1997 na Banda Glória, mas com 20 e poucos anos já tocava um pouco com as irmãs do Chico Buarque. Começou a tocar porque admirava e admira os Beatles. Como ama música, sua irmã Silvia lhe deu um violão que ele adora e toca muito. Agora acabou de mandar um novo livro que escreveu para a editora, e quer escrever muitas coisas novas. Quer ainda ficar muito muito tempo saudável junto de sua família feliz.

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