Por Pedro Almeida Olmos
Luzia Clementino Neves Arruda, 54 anos. Nasceu em Arara, na Paraíba. Nasceu em sua própria casa, com ajuda de uma parteira. Sua mãe já tinha 3 filhos e depois teve mais 3. Eles moravam num sítio na zona rural. Seu apelido era Nininha.
Não tinham brinquedos comprados, mas ela e seus irmãos se divertiam muito, brincando de pular no lago quando acordavam, procurar ninhos de galinhas para pegar os ovos, de tarde compravam gás para a lamparina e faziam uma brincadeira chamada brincadeira do Grilo. Ela tinha brinquedos de argila, uma bonequinha de pano que sua avó fazia, uma bonequinha de espiga de milho, e como todos os outros vegetais a espiga de milho apodrece. Nos dias de sol eles brincavam de limpar o chão debaixo de árvores, como se fosse uma casa, pegavam um pau de lenha com fogo e iam até a lareira para acender o fogo, e nos dias de chuva brincavam com a lama. Era muita lama que eles jogavam nos outros, escorregavam na lama e caíam no lago e algumas outras brincadeiras.
Eles viviam no sítio, longe da cidade, mas às vezes iam na cidade, principalmente para ir à missa. E iam nas festas de São João. Ela se divertia muito pulando fogueira. Também participava das novenas.
Não comemoravam Natal, nem Ano Novo. Nesses dias só iam na missa.
Seu pai morreu quando ela tinha 6 anos e a família ficou muito pobre. Então, sua mãe a mandou para João Pessoa para trabalhar quando tinha apenas 8 anos. Ela morava e trabalhava na casa de uma família. Não saía para passear e não tinha amigos. Mas podia brincar com os cachorros da casa e no jardim. Ficava triste, pois tinha saudade de sua família. Sua primeira viagem foi para Natal, com essa família. Um dia fugiu desta casa que trabalhava e voltou para casa de sua mãe. Mas sua mãe arrumou outra casa para ela trabalhar.
Ela não ia na escola, pois precisava trabalhar.
Uma de suas lembranças marcantes da adolescência é quando ela saiu do sítio e veio morar aqui em São Paulo. Ela tinha muitos sonhos, só que o que ela mais lembra é que ela sempre quis vir para São Paulo, porque ela achava que aqui era uma cidade mágica, que quando você pedia algum desejo ele se realizava.
Ela veio para São Paulo com 14 anos, sozinha, para trabalhar. Morava na casa em que trabalhava. E um dos piores dias da sua vida foi quando ela saiu para ir na feira e se perdeu, não sabia voltar para casa. Conseguiu voltar para casa bem à noite e sua patroa não a deixou entrar, então ela teve que dormir na rua. No dia seguinte, ela arrumou emprego num restaurante e começou a morar lá. A dona do restaurante era muito boa para ela. Ela sempre passeava pela cidade aos domingos. Gostava de escutar músicas do Luiz Gonzaga e outras músicas nordestinas. No restaurante ela conheceu seu primeiro namorado, o Marcos.
Ela acha que teve muito sorte em São Paulo, pois encontrou muitas pessoas boas, que a ajudaram.
Entrou na escola pela primeira vez quando tinha 18 anos, mas não terminou de estudar.
Casou-se com 24 anos, teve 2 filhas, que foram suas maiores alegrias. Kelly tem 26 anos e fez faculdade de Administração. Camila tem 24 anos, fez faculdade de Nutrição e trabalha no Pão de Açúcar, como nutricionista.
Luzia sempre foi uma pessoa muito boa, com um coração maravilhoso. Ela conheceu uma senhora que hoje tem 92 anos – Dona Carmelita. Ela a ajuda muito.
Trabalha com minha mãe desde 2001, sempre a ajudou muito, cuidou de mim e de meus irmãos. Nossa família ama a Luzia!
Gostaria de viajar e conhecer todo Brasil, pois acha um país muito lindo.
Luzia é uma pessoa feliz, pois construiu uma família linda!
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